domingo, 17 de março de 2024

O 25 DE ABRIL, A FORÇA DOS SÍMBOLOS – POR ANTÓNIO VALDEMAR

 


O 25 DE Abril, a força dos símbolos” – por António Valdemar, in Tempo Livre

 Portugal ficou diferente. Falta muito para o desejável. Mas faltará sempre, aqui e em outros países democráticos, que enfrentam os problemas atuais e procuram articulá-los com os grandes desafios do futuro

Tudo aconteceu há 50 anos. Rompeu através da madrugada e ganhou uma energia extraordinária através de todo o dia. A apoteose decorreu no 1.º de Maio. A Liberdade era restituída, em 25 de Abril, com a poesia e a música de José Afonso, sem recorrer aos tiros dos canhões e das espingardas. Nas ruas de Lisboa, e um pouco por todo o país, os cravos vermelhos logo se transformaram num dos símbolos vivos da revolução. Constituiu o ponto final de 50 anos de ditadura imposta por Salazar, seguida por Marcello Caetano. A poesia, a música e as artes plásticas registaram testemunhos impressionantes da prisão, da tortura, do exílio e da saga da resistência. A Ode à Liberdade de Jaime Cortesão insistia no repúdio ao «ódio fanático dos bonzos», ao «ciúme vil dos fariseus». Para louvar «a cada novo dia e duro preço», o «sopro e a lei da criação». Era a exortação para transpor a incerteza, a violência, a desigualdade e estabelecer uma cultura de justiça, de tolerância e diálogo.

Outro poeta, Sidónio Muralha, não podia sufocar este protesto veemente: «Já não há mordaças, nem ameaças,/ nem algemas que possam impedir/ a nossa caminhada,/ em que os poetas são os próprios versos dos poemas.» Ou, então, o clamor de Prometeu, recriado por Joaquim Namorado: «Abafai-me os gritos com mordaças,/ maior será a minha ânsia de gritá-los; /amarrai-me os pulsos com grilhetas,/ maior será a minha ânsia de quebrá-las;/ rasgai a minha carne, triturai os meus ossos,/ o meu sangue será a minha bandeira;/ meus ossos o cimento de uma outra humanidade, /que aqui ninguém se entrega./ Isto é vencer ou morrer!»

Jorge de Sena, do outro lado do mar enviava este poema repleto de angústia e alguma esperança. «Eu não posso senão ser/ desta terra em que nasci. /Embora ao mundo pertença /e sempre a verdade vença, /qual será ser livre aqui, /não hei-de morrer sem saber. / Trocaram tudo em maldade, /É quase um crime viver./ Mas, embora escondam tudo/ e me queiram cego e mudo, /Não hei-de morrer sem saber/ Qual a cor da liberdade

Sophia de Mello Breyner viveu e celebrou em Lisboa o 25 de Abril. Em plena revolução deslocou-se a Caxias para acompanhar a libertação dos que estiveram privados de liberdade. Resumiu num poema – ilustrado por Vieira da Silva – que ficou a ser uma referência obrigatória: «Esta é a madrugada que eu esperava /O dia inicial inteiro e limpo /Onde emergimos da noite e do silêncio/E livres habitamos a substância do tempo.»

O programa do 25 de Abril anunciou – e cumpriu – a reposição das liberdades reprimidas e castigadas durante meio século; o início da descolonização possível; a oportunidade para concretizar as regras constitucionais que fundamentam um Estado de Direito. Milhares e milhares de portugueses e suas famílias encontravam-se dilacerados pela crueldade da guerra colonial, em três frentes de combate: o espectro da morte, os pressentimentos, as insónias, os pesadelos que nunca mais esquecem.

Os poemas escaldantes de Manuel Alegre tornaram-se a voz da nossa própria voz: «Foram dias foram anos a esperar por um só dia. /Alegrias. Desenganos. Foi o tempo que doía /Com seus riscos e seus danos. Foi a noite e foi o dia /Na esperança de um só dia. Foram batalhas perdidas. Foram derrotas e vitórias./Foi a vida (foram vidas). Foi a História (foram histórias) / Mil encontros despedidas. Foram vidas (foi a vida) /Por um só dia vivida./ (…) Fogos-fátuos cinza fria. Musa minha que cantavas /A canção que se vestia com bandeiras nas palavras: /Armas que o tempo tecia. Minha vida toda a vida / Por um só dia vivida.»

No romance Os Memoráveis, Lídia Jorge recriou testemunhos de intervenientes da revolução e, ao mesmo tempo, os efeitos da passagem do tempo, não só acerca desses protagonistas, mas dos que se evidenciaram na sociedade contemporânea. Caracterizam a grandeza e as misérias dos portugueses, no dia-a-dia, e, em momentos históricos. Dir-se-iam que permanecem como sobreviventes de um tempo já inalcançável.

A leitura dos Memoráveis conduz-nos à ilusão revolucionária, à desilusão de muitos e à travessia para conseguir a plenitude da democracia. A exaltação e o ceticismo destacam-se, invariavelmente na poesia, nos Diários, nos contos, novelas e romances de Miguel Torga.

É o homem sempre irritado, receoso, sombrio, ressabiado, cujo mundo reside, apenas, nele próprio. Basta ler e refletir na posição assumida, em 1976, num discurso sobre o 25 de Abril, proferido em Arganil: «Hora angustiosa que nada fazia prever em Abril de setenta e quatro, quando uma manhã de esperança raiou no espírito de todos nós. Depois de meio século de negrura, o sol da liberdade brilhou inesperadamente em Portugal. E foi, como sabeis, uma festa universal. Depressa, porém, a tristeza voltou.

E a palavra revolução, acolhida com benevolência até nos ouvidos, mais refractários, em vez de, como outrora, significar uma rotura promissora e fecunda, passou a evocar apenas a desordem à solta nas ruas, e o arbítrio e a prepotência, ensarilhados na parada dos quartéis. Creio que nenhum português consciente esquecerá até ao fim dos seus dias estes dois anos aziagos. Enganada na sua boa fé, a alma da Nação foi durante eles indelével e dolorosamente tatuada por todos os estigmas da desgraça

Qualquer que seja a avaliação o 25 de Abril cerrou as grades das prisões políticas de Caxias, do Aljube e de Peniche. Promoveu a formação de partidos, de pluralismo de opinião e de crítica. Ao procedermos a um balanço sumário verificamos acidentes de percurso. Todavia, a Constituição da República, estabeleceu as regras do exercício do Estado de Direito e a enumeração dos objetivos fundamentais para o combate inadiável à rotina e ao pensamento único; para reclamar os imperativos da mudança, incutir a exigência de responsabilidade ética, estimular a ousadia e a inovação para a transformação do País, mergulhado em estruturas arcaicas.

Concretizou-se o programa do 25 de Abril, anunciado nessa madrugada histórica. Houve, de imediato, a restituição das liberdades. Realizou-se a integração na Europa. Falta muito para atingir o desejável, mas faltará sempre, aqui e em outros países livres e democráticos, que dentro dos condicionalismos inevitáveis enfrentam os problemas atuais e procuram articulá-los com os grandes desafios para o futuro.

O 25 DE Abril, a força dos símbolos – por António Valdemar [Jornalista e investigador, membro da Classe de Letras da Academia das Ciências] – in Tempo Livre Março/ Abril de 2024, p. 8 – com sublinhados nossos; FOTO de Álvaro Carrilho.

J.M.M.

quarta-feira, 6 de março de 2024

JOÃO DE DEUS - VIDA, POR JOSÉ ALBERTO QUARESMA

 

No próximo dia 8 de Março de 2024, no âmbito das Comemorações dos 194 anos do Nascimento de João de Deus, vai ser apresentada a obra de José Alberto Quaresma, João de Deus - Vida.

A sessão vai realizar-se no Auditório Francisco Vargas Mogo, em São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, pelas 18 horas.

Vai apresentar a obra o Professor Doutor José António Gomes e conta ainda com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Silves, Rosa Palma.

A edição está a cargo da Imprensa Nacional - Casa da Moeda e pode ser consultada para mais informações na página da editora AQUI.


Pode ler-se na Nota de divulgação da obra:

A caminho dos 200 anos, João de Deus continua vivo na alma da nação. Em passinho seguro e certo, merece calcorrear as veredas do silêncio para um futuro distante. Avantajar-lhe os anseios deve ser imperativo de progresso, centrado na pessoa, em benefício de toda a humanidade. A ação de João de Deus prolonga-se por quatro gerações, cruzando três centúrias. É uma das maiores obras de civilização no Portugal dos pequeninos e dos grandes. O seu legado segura-se. O ser humano que nos espevita a inteligência e amolece a alma, pela sua grandeza espiritual, continua a surpreender-nos. O João de Deus que por estas páginas se deixa entreaberto, bem se quer que continue a medrar noutra qualquer aventura do conhecimento, da literatura ou das artes. Urge destapar, avivar, recriar e expandir a sua herança. Tanto mais não seja para derramar um pouco de indulgência e sabedoria pelos dias turvos. Os menos favorecidos pela fortuna deverão continuar a ser os destinatários da sua luz. Os outros, tal-qualmente. João de Deus a todos pertence.

Com os votos do maior sucesso!!

A.A.B.M.


terça-feira, 30 de janeiro de 2024

COMEMORAÇÕES DO 31 DE JANEIRO DE 1891

 Assinalando o 133º aniversário da Revolta Republicana do Porto, em 31 de Janeiro de 1891, vão realizar-se alguns eventos que rememoram os acontecimentos, os  protagonistas e as circunstâncias que rodearam a efémera proclamação da República na cidade invicta.

O primeiro tem lugar em Lisboa, com organização do Centro de História, da Universidade de Lisboa, e coordenação científica do Prof. Doutor António Ventura e da Prof. Doutora Teresa Nunes.

Participam ainda Maria da Conceição Meireles Pereira, Sónia Rebocho, Vanessa Batista e João Lázaro.



Por seu lado, no Porto, far-se-á também a evocação do acontecimento, promovida pela Associação Cívica e Cultural 31 de Janeiro, em parceria com o Ateneu Comercial do Porto e conta com a romaria ao Monumento aos Heróis do 31 de Janeiro de 1891 e conta com intervenções de Luís Cameirão, António Lima Coelho e Rui Moreira.

A acompanhar e a participar civicamente, com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.


domingo, 28 de janeiro de 2024

TEÓFILO BRAGA, O HOMEM, O ERUDITO E O POLÍTICO

 


Teófilo Braga, o homem, o erudito e o político” – por António Valdemar, in Caderno E, Expresso, 26 de Janeiro de 2024

Foi um dos fundadores do Partido Republicano, depois Presidente da República, escrevia compulsivamente, investigou Camões — que elegeu como símbolo da nacionalidade —, nunca atravessou a fronteira. Teófilo Braga visto por si e pelos contemporâneos — admiradores e críticos —, no centenário da sua morte.

Passou a vida a escrever. Foi encontrado morto na sua mesa de trabalho. Tinha 80 anos. Faleceram os três filhos e, anos depois, a mulher. Teófilo Braga morava só. Rodeado de livros, asfixiado por ressentimentos e sempre empenhado em completar e concluir os temas que o absorveram a vida inteira. Deixou uma obra de investigação e de crítica com mais de 200 títulos. Ele próprio assim se definiu: “Dentro de um poço, desde que lá tivesse os meus livros, uma resma de papel e um lápis, conseguiria viver.”

Por sua vez, Ramalho Ortigão, que o conheceu com proximidade, afirmou: “Simples, sóbrio, duro, com hábitos de uma austeridade de espartano, sabendo reduzir as suas necessidades a toda a restrição a que lhe reduzam os meios, vivendo no seu isolamento como Robinson na sua ilha.” (…) “Não publica um volume por semana, pela razão única de que não há prelos, em Portugal, que acompanhem a velocidade vertiginosa da sua pena. Escreve de graça, desinteressadamente, em satisfação do seu prazer supremo, o prazer de espalhar ideias.”

Na segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, Teófilo Braga (1843-1924) foi um dos autores com maior número de obras publicadas sobre a história da literatura portuguesa, desde os primórdios até João de Deus e Antero de Quental. Assinalam-se, neste contexto, as investigações sobre Camões, nos múltiplos aspetos da obra épica, lírica e teatral; “Gil Vicente e as Origens do Teatro Português”; “Bernardim Ribeiro e o Bucolismo”; Cristóvão Falcão, autor da “Écloga Crisfal”; Bocage, a vida e a obra; “Filinto Elísio e os Dissidentes da Arcádia”; a “História do Romantismo em Portugal”; e “Garrett e a sua Obra”.

A curiosidade de Teófilo estendeu-se a outros temas: o povo português, nos seus costumes, crenças e tradições; o cancioneiro e o romanceiro popular; os contos tradicionais. Também se consagrou à política. Encontra -se ligado à fundação, ao desenvolvimento e à projeção do Partido Republicano Português. Desempenhou as funções de presidente do governo provisório e de Presidente da República.

Acrescente-se o percurso na Universidade de Coimbra, a propósito das opções pedagógicas que se refletiram na cultura e na sociedade portuguesas: Sistema de Sociologia (para alargar as previsões, comprová-las e acelerá-las pela intervenção política e governativa); Soluções Políticas da Política Portuguesa, para demonstrar que o povo estava preparado para receber a República.

DE ESTUDANTE A PROFESSOR

Nasceu em Ponta Delgada a 24 de fevereiro de 1843. Enquanto aluno do liceu, principiou a atividade literária em jornais e revistas em São Miguel. Aprendeu, ainda, rudimentos da tipografia. Dirigiu-se, aos 18 anos, para Coimbra. Tinha a ambição de ser professor na universidade. Arrostando com os maiores sacrifícios, sem quaisquer apoios financeiros, vivendo apenas de explicações, tirou, entre 1862 a 1867, o curso de Direito, com elevadas classificações.

Um ano depois fez provas de doutoramento com uma tese acerca da história do direito português — os forais. Reconheceram-lhe os méritos. Contudo, para ascender à cátedra, foi preterido por um candidato que possuía relações privilegiadas com o júri. Tentou, em seguida, lecionar Direito Comercial na Academia Politécnica do Porto. Voltou a ser rejeitado. Finalmente, concorreu, em 1872, a uma cátedra sobre Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras, um concurso público muito renhido. Entre os candidatos encontravam-se Pinheiro Chagas e Luciano Cordeiro. Eram os outros candidatos e tinham as maiores proteções no corpo docente. Teófilo conseguiu, finalmente, vencer.

Teófilo Braga radicou-se, a partir de então, em Lisboa, até falecer a 28 de janeiro de 1924. Nunca atravessou a fronteira. A sua vida, de enorme sobriedade, circunscreveu-se entre a intimidade e os contactos quotidianos: o Curso Superior de Letras; instalado no edifício da Academia das Ciências, da qual foi vice-presidente. (O rei, por razões estatutárias, era o presidente de honra). Deslocava-se, ainda, para fazer pesquisas documentais à Torre do Tombo que funcionava no Palácio de São Bento, e à Biblioteca Nacional, estabelecida no antigo Convento de São Francisco, na área do Chiado. Pertenceu a uma tertúlia na rua do Arsenal, na livraria Carrilho Videira, que reunia e editava obras de republicanos. Andava a pé ou nos transportes públicos, mesmo quando foi Presidente da República.

Ramalho Ortigão procurou, ainda, defini-lo nestes termos: “Este débil de aspeto um pouco valetudinário, dorso curvo, ventre chato, estômago escavado, deixando descair as calças em pregas sobre os sapatos, é o mais forte, o mais rijo, o mais enérgico temperamento que tenho conhecido.” Os caricaturistas retrataram-no com ironia. Joshua Benoliel fixou-o em dezenas de fotografias. Tornara-se uma figura típica de Lisboa.

AS POLÉMICAS

A atividade literária, histórica, filosófica e política de Teófilo Braga desencadeou sucessivas controvérsias: Castilho atacou a sua participação na Questão Coimbrã; Camilo, pelos mais diversos motivos, constituiu um dos seus mais acérrimos adversários; Ricardo Jorge, a propósito de um estudo acerca de Rodrigues Lobo, denunciou- -o como plagiário.

Todavia, entre os críticos mais severos, avulta Antero de Quental: “Os primeiros passos no estudo da história literária portuguesa — escreveu — foram dados pelo sr. Teófilo Braga, essa glória ninguém lhe tira. Tem defeitos: a impaciência que o leva muitas vezes a conclusões prematuras; e o espírito sistemático que o leva também a conclusões falsas.” (…) “O lado inferior e frágil — acentua Antero de Quental — são as teorias gerais, a parte filosófica; sente-se que não é essa a vocação do sr. Teófilo Braga. Ao mesmo tempo quimérico e sistemático, dá às suas doutrinas gerais uma feição dogmática que lhes tira aquele poder de ductilidade e compreensão, sem o qual uma teoria, para acomodar os factos ao seu rigor inflexível, tem de os forçar, umas vezes e outras vezes, de pôr de lado. Isto é — adverte Antero de Quental — o que torna abstrusas certas obras, como a ‘Poesia do Direito’.” (in “Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa”, Porto 1872).

CAMÕES, O SÍMBOLO NACIONAL

Camões foi um dos temas que, durante meio século, mais entusiasmou Teófilo. Interessaram-lhe todos — ou quase todos — os aspetos da vida e a obra do poeta. Fez uma reflexão e estudo dos textos mais antigos de biógrafos e comentadores, o chantre Severino de Faria, o licenciado Manuel Correia, o historiador e filólogo Manuel Faria de Sousa e o memorialista João Soares de Brito. Formulou hipóteses e extraiu conclusões, muitas das quais se revelaram precárias, em torno das circunstâncias relativas à conceção, publicação e divulgação de “Os Lusíadas”; e a outros assuntos como a tença, a morte e a sepultura de Camões; e, ainda, a permanência em África e no Oriente.

Sejam quais forem as reservas, os estudos de Teófilo proporcionam pistas para investigação do tempo histórico e da amplitude da obra do poeta, que não ficou alheio ao desconcerto do mundo e às vulnerabilidades da condição humana. Procedeu a uma campanha de opinião pública para celebrar, em todo o país, o terceiro centenário da morte de Camões. A informação existente indicava o dia 10 de junho. Foi exatamente nesse dia que se realizaram, em 1880, as comemorações, com a participação de intelectuais, políticos e elevado número de populares. Destinavam-se a promover a coesão do Partido Republicano, unindo as várias tendências e grupos dispersos, no pensamento e na ação. Recorde-se que, pouco antes de falecer, concedeu uma entrevista ao “Diário de Notícias”, na qual insistiu que a data do nascimento de Camões era 5 de fevereiro de 1584. O Governo, presidido por Álvaro de Castro e tendo António Sérgio como ministro da Instrução, determinou que o dia 5 de fevereiro passasse a ser feriado nacional. A data foi aprovada pelo Congresso da República e promulgada pelo chefe de Estado, Manuel Teixeira Gomes.

Concretizava-se assim, a título póstumo, a aspiração cívica de Teófilo: o sentimento nacional é um dos pilares fundamentais para a unificação dos portugueses. “Pelo amor do seu território, pela necessidade de manter a independência”, escreveu, “é possível alcançar uma ação comum, um sentimento coletivo que fortifica o sentimento da pátria e da nacionalidade.” (…) “Camões”, sintetizou, “deu expressão a esse sentimento, que transformou uma pátria numa nacionalidade”.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Proclamada a República, Teófilo Braga foi escolhido para chefe do governo provisório (5 de outubro de 1910 a 4 de setembro de 1911). Acompanhou a apresentação, o debate e a votação da legislação que estruturou o novo regime. A ditadura de Pimenta de Castro (28 de janeiro de 1915 a 14 de maio de 1915) que encerrou o Parlamento e conduziu à demissão do Presidente da República Manuel de Arriaga (eleito a 24 de agosto de 1911 e a desempenhar funções até 26 de maio de 1915). Perante esta crise, que provocou uma das mais sangrentas e devastadoras revoluções, solicitaram a Teófilo Braga para ocupar o cargo, porque reconheciam nele uma reserva moral e cívica.

Eleito em sessão do Congresso a 29 de maio de 1915, obteve 98 votos a favor, contra 1 voto para Duarte Leite e três votos em branco. Durante quatro meses assegurou a chefia do Estado, em circunstâncias particularmente complexas, a nível nacional e internacional. A defesa dos territórios portugueses de África, em especial Angola e Moçambique, perante ameaças da Alemanha, determinou a expedição de contingentes do Exército e da Marinha. A 5 de agosto de 1915 na Europa eclodiu o que viria a ser a Grande Guerra.

Os efeitos do conflito acentuaram-se com muito impacto nas lutas partidárias e na subida dos preços dos bens de consumo diário. Gerou-se a corrida aos bancos para levantar os depósitos. Havia uma profunda instabilidade política e social. Contudo, a entrada de Portugal na guerra, em solidariedade com a Inglaterra — e devido à secular aliança subscrita entre os dois países — só se verificaria a 7 de agosto de 1916. Deu lugar a mais outra controvérsia entre as forças militares e os principais partidos políticos.

EUROPA E ATLÂNTICO

Teófilo Braga, ao tomar posse, referiu que a sua orientação visava “a harmonia de todos os poderes do Estado, o reconhecimento de que o poder soberano da nação reside essencialmente no Congresso, de que o presidente não é senão um mandatário. O contrário seria eu a exercer um imperialismo presidencialista”.

Fez questão de salientar que, perante “esta espécie de solidariedade humana, que corrige os excessos do egoísmo nacional” (…), “um outro equilíbrio europeu tem de fundar-se.” Assim, “a política externa de Portugal deriva completamente da sua situação geográfica; ela solidarizou-se com a Europa, quando combatia o imperialismo da Espanha no século XVII e quando no século XIX desmoronava o imperialismo napoleónico, ela nos fará cooperar na atividade mundial dos grandes Estados, com o apoio no Atlântico”.

Noutro passo, Teófilo Braga concluiu: “Apresentando estes dois aspetos de política, interna e externa, da nação portuguesa, dela se deduz um plano do Governo. E ao proferir as palavras de compromisso de honra, desta hora em diante só aspiro que, ao regressar dignamente ao lar, se possa dizer: cumpriu o que prometeu; guiou-se pelo bom senso e pelo desinteresse.”

CONSAGRAÇÃO NACIONAL

Teófilo Braga, tal como João de Deus e Guerra Junqueiro, após o seu falecimento teve honras nacionais e foi sepultado nos Jerónimos — à data o Panteão Nacional. Em 1925, Alfredo Guisado, poeta da “Orpheu” e vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, inscreveu-o na toponímia. A rua onde residia, a Travessa de Santa Gertrudes, passou a denominar-se Rua Teófilo Braga. Também Alfredo Guisado deu o nome de Teófilo Braga ao Jardim da Parada, no centro do bairro de Campo de Ourique. Pouco depois, a 16 de outubro de 1926, inaugurava-se, no Jardim da Estrela, um monumento dedicado a Teófilo Braga, da autoria do escultor Teixeira Lopes. Em pleno salazarismo, o monumento saiu do Jardim da Estrela e foi enviado para Ponta Delgada, por ocasião do centenário do seu nascimento. Ficou junto ao Forte de São Brás, a curta distância da casa onde nasceu.

Embora muito combatido por intelectuais de várias tendências, também contou com a fidelidade e dedicação de amigos como Francisco Maria Supico e de discípulos como Teixeira Bastos, Reis Dâmaso, Fran Paxeco, A. do Prado Coelho. Um dos seus admiradores, Álvaro Neves, inventariou a sua interminável bibliografia e organizou o “In Memoriam”. Ao dissiparem-se as incompatibilidades pessoais e aversões políticas, chegou a hora da reabilitação da vida e da obra em trabalhos de investigação e crítica de Joaquim de Carvalho, Luís da Câmara Reys, Mário Soares e, presentemente, Amadeu Carvalho Homem.

Um facto é evidente: o homem, o erudito, o cidadão e o político merecem ser evocados no ano do centenário da sua morte. Destaca-se, quaisquer que sejam as reservas, o pioneiro da história da literatura que elegeu Camões como o símbolo da nacionalidade. Foi um dos fundadores do Partido Republicano que contribuiu para a transformação da sociedade portuguesa, para a mudança do regime e para a solução de algumas crises institucionais.

O “ORGULHO DE SER AÇORIANO”

Saiu de Ponta Delgada aos 18 anos e nunca mais voltou à ilha de São Miguel. Guardava memórias amargas da infância e da adolescência. Manteve um contacto epistolar assíduo com Francisco Maria Supico, diretor do jornal “A Persuasão”, que lhe acompanhou os primeiros passos e o incentivou a fazer carreira universitária. Entre as numerosas obras que publicou, faz referências a autores açorianos como Gaspar Frutuoso, propôs o camoneanista José do Canto para sócio da Academia das Ciências e ocupou-se de temas açorianos. É o caso de “Cantos Populares do Arquipélago Açoreano” (1869). Este trabalho baseia-se na recolha feita por João Teixeira Soares de Sousa (1827-1882), a pedido de Garrett. Acerca da poesia popular — escreveu Teófilo — existem duas modalidades: “uma atual, móvel, continuamente em elaboração porque é um eco da vida, uma linguagem das paixões e dos sentimentos de hoje; a outra é tradicional, histórica, em desarmonia com os costumes presentes, mas repetida ainda religiosamente como lembrança de costumes e sucessos que já passaram.” Constitui: “o rapsodo de todas as alegrias e tristezas do poema da vida. A poesia — para o povo — é o ritmo do esforço no trabalho, o esquecimento da miséria, a expressão dos desejos, o tesouro da sua moral e tradições antigas, a linguagem do amor, o gemido, enfim, a verdade simples da sua alma.” (…) Compreende, por conseguinte, “fados e canções da rua, orações, profecias nacionais e aforismos poéticos da lavoura”.

Ao ser entrevistado por Albino Forjaz de Sampaio, declara que “nunca tivera a doença do açoriano, o apego ferrenho às suas ilhas, a nostalgia que sentimos quando delas nos afastamos. No entanto, através da minha longa vida, sempre me interessou tudo o que pudesse interessar aos Açores, especialmente à minha terra”. Afirmou, ainda com veemência: “Tenho orgulho de ser açoriano. As nossas ilhas são o foco da melhor tradição nacional. Nunca reneguei a minha terra. Sou ilhéu, nasci nesses rochedos donde irradiou o espírito das autonomias”.

Teófilo Braga, o homem, o erudito e o político – por António Valdemar [jornalista e investigador, membro da Classe de Letras da Academia das Ciências], in Revista E (Expresso), 26 de Janeiro de 2024, p.50-52 – com sublinhados nossos.

J.M.M.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

OS JUDEUS DO ALGARVE E O HOLOCAUSTO. DO PARAÍSO AO INFERNO, POR MARIA JOÃO RAMINHOS DUARTE

Maria João Raminhos Duarte pesquisou nos últimos anos a questão dos Judeus algarvios e o Holocausto. Dessa investigação, que faltava fazer, entre muitas outras, a investigadora conseguiu reunir os elementos que agora apresenta na presente obra: Os Judeus do Algarve e o Holocausto. Do Paraíso ao Inferno.

Amanhã, 26 de Janeiro de 2024, sexta-feira, no Teatro TEMPO, em Portimão, no espaço Café-Concerto, no Largo 1º de Dezembro, pelas 18 horas, será apresentada a obra editada pelas Edições Colibri.



No dia 27, sábado, a obra será também apresentada em Lisboa, contando ainda com a presença do Prof. Doutor António Ventura. Desta feita a apresentação será na Casa do Alentejo, em Lisboa, que se localiza na Rua Portas de Santo Antão, nº58.

A não perder.

Com os votos do maior sucesso para mais esta publicação.

A.A.B.M.

 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

IX JORNADAS DE HISTÓRIA DO BAIXO GUADIANA, EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

 

No próximo dia 26 de Janeiro de 2024, no Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, em Vila Real de Santo António, realiza-se mais uma edição, a IX, das Jornadas de História do Baixo Guadiana.


A sessão inicia pelas 10:15h, com Cátia Pereira, a analisar "O governo de Sebastião Martins  Mestre em Vila Real de Santo António".

Pelas 11:30h, Marco Sousa Santos apresenta o estudo que realizou sobre uma mesa de altar que se encontra em Castro Marim, subordinada ao título "Do Seinal para Arenilha, de Arenilha para Castro Marim: a longa jornada de uma mesa de altar quinhentista".

A partir das 15h, Marco Sousa Santos guia uma visita à Ermida de Santo António, em Castro Marim, onde será acompanhado por Pedro Pires.

Uma excelente iniciativa, com coordenação científica de Fernando Pessanha, que se divulga e se deseja o maior sucesso.

Inscrições obrigatória através do email na parte inferior do cartaz.

A.A.B.M.

CICLO DE CONFERÊNCIAS: "CIÊNCIA, TÉCNICA E POLÍTICA NA I REPÚBLICA" - MUSEU BERNARDINO MACHADO 2024

Ao longo do ano de 2024, o Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, vai levar a efeito mais um ciclo de conferências subordinado ao tema: Ciência, Técnica e Política na I República".

Vão ser nove sessões, entre os meses de Janeiro e Outubro de 2024, contando com nove convidados para dinamizar cada uma das sessões.

Entre os convidados contam-se: Milene Carvalho, Pedro Magalhães, Manuel Correia, Paulo Guimarães, João Príncipe, Teresa Nunes, Ernesto Castro Leal e Joaquim Pintassilgo, além coordenador científico do Museu Bernardino Machado, o Prof. Norberto Ferreira da Cunha.

Fica o cartaz para acompanhar e, preferencialmente participar, nas sessões previstas e acompanhando em especial algum dos convidados do ciclo a começar já na próxima sexta-feira, 26 de janeiro de 2024.

Com os votos do maior sucesso, como tem sido hábito o Almanaque Republicano vai divulgando estas iniciativas para regozijo dos nosso ledores.


A.A.B.M. 

domingo, 31 de dezembro de 2023

VOTOS DE UM 2024 FRATERNO

 


A terra que pisas já não é a mesma em que o olhar se deitava antes de teres partido”

Como Mozart, juntamos neste final de annus horribilis as “notas que se amam”. Da Alma e do Coração. A vida será sempre essa eterna Viagem de nós com os outros porque “uma casa só não chega”. Estamos certos!

Aos nossos estimados leitores e companheiros d’armas da Grande Alma Lusitana, aceitai os nossos VOTOS de um 2024 Solidário, Próspero e Fraterno. Vale.


Saúde, Paz & Fraternidade

José Manuel Martins | Artur Barracosa Mendonça

HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA DE 2023 – A NOSSA ESCOLHA

 


HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA DE 2023

1. Para a História da Representação Política em Portugal (1819-1821). "O Direito às Cortes" no pensamento político-constitucional de José Liberato - Vital Moreira e José Domingues (Assembleia da República), 64 p. | História Constitucional Portuguesa (Volume I). Constitucionalismo antes da Constituição (Séculos XII-XIX) - Vital Moreira e José Domingues (Assembleia da República), 600 p.

2. A Maçonaria Portuguesa 1926-1974. As suas ideias e a sua relação com a sociedade e as forças políticasAntónio Lopes (Âncora Editora), 744 p. | A Luz vinha do Oriente. Comunistas e Maçons em Portugal (1919-1936)António Ventura (Âncora Editora), 460 p.

3. O Parlamento Português: Antigo Regime e Monarquia Constitucional (vol.1, 221 p.), 1ª República (vol.2, 378 p.), Estado Novo (vol.3, 216 p.), Democracia (vol.4, 314 p.) – Pedro Tavares de Almeida (Coordenação), Assembleia da República.

4. Almeida Garrett. Uma Biografia Política e Parlamentar Paulo Silveira e Sousa (Assembleia da República), 888 p. | O Morgado de Mateus e o exército português em 1801 – António Ventura (Caleidoscópio), 232 p.

5. Ensaio politico sobre as causas que prepararam a usurpação do Infante D. Miguel no anno de 1828, e com ela a quéda da carta constitucional do anno 1826 (reedição - transcrição de texto por Patrícia Seixas) – José Liberato Freire de Carvalho (Lema d`Origem), 192 p. | O Batalhão Académico de 1645 (reedição) – Augusto Mendes Simões de Castro (Sítio do Livro), 120 p.

6. Os Telefones têm Ouvidos. Escutas telefónicas da PIDE/DGSAlfredo Caldeira e António Possidónio Roberto (Edições Colibri), 266 p. | Censura. O Lápis Azul do Silêncio Ana Aranha (Editora Guerra Paz), 240 p. | A LUAR. Da Operação Covilhã (1968) até à extinção da organização (1976)Luiz Vaz (Âncora Editora), 229 p.

7. Guarda Republicana. Um Século de História e Propaganda Ana Rute Garcia e José Luís Lima Garcia (Lema d`Origem), 166 p. | Companhia de Jesus. O Breve Regresso no Reinado de D. Miguel - Francisca Branco Veiga (Ed. Autor), 437 p.

8. Uma monarquia tradicional. Imagens e mecanismos da política no Portugal seiscentista - António Manuel Hespanha (Imprensa das Ciências Sociais), 519 p. | Arqueologia do poder do Antigo Regime ao Liberalismo (1640-1865) - José Subtil (UAL), 774 p. | O Rei, Chave da Regeneração. Poderes constitucionais e prática política (1851-1885) - Lourenço Pereira Coutinho (UCP Editora), 240 p.

9. A Formação de Portugal (reedição – apresentação de João Carlos Garcia) – Orlando Ribeiro (Letra Livre), 372 p. | Da Liberdade à Democracia. Centenário de uma conferência maçónica (reedição) – José Boavida Portugal (com texto de José Herculano) | O essencial sobre Manuel Maria de Barbosa du Bocage -Daniel Pires (Imprensa Nacional), 85 p.

10. Levantamento Enciclopédico das Famílias de Sagres (vol.2.). Levantamento das famílias (em 2 tomos) - Nuno Campos Inácio (Câmara Municipal de Vila do Bispo), 586 p + 1160 p. | Levantamento Enciclopédico das Famílias do Concelho de Vila Nova de Portimão, Vol 1. Tomo 1 (Século XII-XVII) - Nuno Campos Inácio (Arandis Editora), 400 p. | São Pedro do Sul no século XIX. Franceses, liberais ... e outras coisas maisEduardo Nuno Oliveira (Lisbon Press), 348 p. 

A.A.B.M.
J.M.M.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

IMPRENSA E CIRCULAÇÃO DE IDEIAS: O JORNAL E O JORNALISMO NO SÉCULO XIX

Realiza-se a partir de amanhã, 29 e 30 de Novembro de 2023, no Auditório da Biblioteca Nacional, em Lisboa, o Simpósio Internacional Imprensa e Circulação de Ideias: o jornal e o jornalismo no séc. XIX.

Pode ler-se na nota de abertura do simpósio:

O Simpósio Internacional Imprensa e Circulação de Ideias: o jornal e o jornalismo no século XIX analisa o papel de imprensa periódica na política e na cultura de língua portuguesa num conjunto muito vasto de domínios: dos órgãos liberais à imprensa colonial, das artes ao humor, da ilustração à moda.

A análise histórica do papel da imprensa junto dos portugueses, dos brasileiros e nas colónias será acompanhada por reflexões teóricas sobre as modalidades da sua abordagem atual.

O Simpósio presta ainda homenagem a José Augusto dos Santos Alves, autor de obra muito relevante e extensa sobre a matéria versada, recentemente falecido (12 de fevereiro de 2021).

O programa conta com as seguintes conferências e conferencistas:

PROGRAMA

29 de Novembro de 2023

09:45 Abertura

10:00 Conferência

José Augusto dos Santos Alves: a história da imprensa como projeto de vida, João Luís Lisboa (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)


11:00 Mesa 1 - Arquivos e narrativas na imprensa colonial

Mediação: Roberta Stumpf (CIDEHUS-UAL)

A Gazeta de Goa e a imprensa (1821-1826), Sandra Ataíde Lobo (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

A imprensa de ilustração de Goa entre Margão e Pangim, Hélder Garmes (USP/CNPq)

O Boletim Colonial (1888-1889) e a ideia de autonomia, Adelaide Vieira Machado (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

Ta-Ssi-Yang-Kuo, um ponto de referência obrigatório na história de Macau, Daniel Pires
(CLEPUL)

ALMOÇO
14:00 Mesa 2 - Primeiros tempos

Mediação: Isabel Lustosa (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

A "fugida tumultuosa" da Corte Portuguesa para o Brasil: a interpretação de João Bernardo da Rocha Loureiro, de Hipólito da Costa e de José Liberato Freire de Carvalho, Lucia Maria Bastos P. Neves (UERJ)

[Título a anunciar], Monica Lupetti (Università di Pisa, Dipartimento di Filologia, Letteratura e Linguistca)

As Revistas publicadas pelos exilados portugueses em Paris nas primeiras décadas do século XIX como catalisadores da modernização económica e política de Portugal, Marco E.L. Guidi (Università di Pisa, Dipartimento di Economia e Management)

As primeiras celebrações da Independência do Brasil na imprensa do Maranhão, Marcelo Cheche Galves (UEMA)


16:00 Mesa 3 - A música, o teatro e a crítica

Mediação: Cristina Fernandes (INET-md/Universidade Nova de Lisboa)

"O legítimo e afiançado fadinho nacional": o fado brasileiro na imprensa carioca oitocentista, Rui Vieira Nery (INET-md/Universidade Nova de Lisboa)

O violão na imprensa brasileira do XIX, Márcia Taborda (UFRJ)

Entre a criação e a crítica: artistas-intelectuais e o tema da "regeneração da arte nacional" na imprensa do Rio de Janeiro (1880-1898), Avelino Romero (UNIRIO)

Ecos da ribalta: crítica e polêmica nas rubricas teatrais do século XIX, Orna Levin (UNICAMP)


30 de Novembro de 2023

10:00 Conferência

A pesquisa com periódicos: do analógico ao digital, Tania de Luca (UNESP/Assis)

11:00 Mesa 4 - Humor e caricatura

Mediação: Débora Dias (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

Antes da caricatura: o lugar do humor na imprensa portuguesa no início do século XIX, João Pedro Ferreira (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

O aparecimento da imprensa de caricaturas em Portugal: jornais e contexto, Paulo Jorge Fernandes (Universidade Nova de Lisboa)

"O António Maria" de Bordalo Pinheiro: o lugar do jornal na luta pela liberdade, Mariana Roquette Teixeira e Pedro Bebiano Braga (Museu Bordalo Pinheiro)

Humor e política nas narrativas gráficas do periódico O Mequetrefe (1875-1889), Aristeu Lopes (Universidade Federal de Pelotas)

ALMOÇO

14:00 Mesa 5 - Jornalismos

Mediação: Luís Andrade (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

A Política Liberal (1860-1862) jornal radical do século XIX, Júlio Joaquim Silva (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

Jornal do Brasil, um jornal que já nasceu ‘grande', Itala Maduell Vieira (PUC/RJ)

Flammarion nos jornais brasileiros: observação, imaginação e fantasmagoria, Kaori Kodama (COC-FIOCRUZ)

A língua como separação?, Elizabeth Olegário (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

16:00 Mesa 6 - Ilustra, moda e literatura

Mediação: Vanda Anastácio (CEC/Faculdade de Letras Universidade de Lisboa)

Leitores de impressos periódicos em revistas ilustradas do século XIX, Valéria dos Santos Guimarães (UNESP/Franca)

A moda na grande imprensa da Belle Époque carioca: Uma análise da coluna "A Moda" de Júlia Lopes de Almeida, Ana Claudia Suriani da Silva (University College London)

A empreitada de Camille Adolphe Goubaud na formação de uma rede de impressos de moda franceses no século XIX, Everton Vieira Barbosa (UFF)


18:00 Encerramento

Sobre o projeto "Imprensa e circulação de ideias: o papel dos periódicos nos séculos XIX e XX", Isabel Lustosa (CHAM/Universidade Nova de Lisboa) 


A COMISSÃO CIENTÍFICA DO SIMPÓSIO:

Isabel Lustosa (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

Adelaide Vieira Machado (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

Gilda Santos (RGPL/UFRJ)

Luís Crespo Andrade (CHAM/Universidade Nova de Lisboa)

Tania de Luca (UNESP/Assis)

Toda a informação sobre este simpósio foi retirada do website da Biblioteca Nacional, AQUI

Uma excelente iniciativa, que merece a melhor divulgação e os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

GUARDA REPUBLICANA. UM SÉCULO DE HISTÓRIA E PROPAGANDA


Amanhã, sexta-feira, 24 de Novembro de 2023, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Foz Coa, pelas 17:30h, vai ser apresentada a nova obra do Doutor José Luís Lima Garcia e de Ana Rute Lima Garcia, sobre a região da Guarda no período republicano, GUARDA REPUBLICANA. UM SÉCULO DE HISTÓRIA E PROPAGANDA.

Vai apresentar a obra o Prof. Doutor José Carlos Venâncio (Professor Catedrático Jubilado da Universidade da Beira Interior).

Pode ler-se na apresentação da obra:

"O livro é informativo, sólido na argumentação e, como tal, de indiscutível utilidade: pela informação factual que presta ao leitor e pela leitura que os seus autores fazem dos factos que apresentam. As adendas, sobretudo a que dá a conhecer a história de vida de políticos e intelectuais da I República originários do distrito da Guarda, são de agradável e proveitosa leitura. Por ela, vemos como um distrito do Interior do território nacional pôde oferecer à I República intelectuais e políticos de alto gabarito, com desempenhos tão decisivos no curso da história nacional.

Não gostaria de terminar estas palavras em substituição de um prefácio sem tecer algumas considerações em torno da escrita, em si. Ela é escorreita, precisa, elegante e, sobretudo, sugestiva e, assim sendo, em boa hora a editora e as entidades oficiais decidiram apoiar a sua edição. Como nos habituámos a dizer nas “Beiras”, bem hajam por esse gesto!"

Apresentam-se de seguida as fotografias dos autores e o seu currículo abreviado:



A edição da obra está a cargo da Lema d' Origem Editora.

Muito sucesso em mais esta iniciativa editorial.

A.A.B.M.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

BICENTENÁRIO DA MORTE DE MANUEL FERNANDES TOMÁS

Na próxima sexta-feira, 24 de Novembro de 2023, realizam-se as cerimónias de encerramento do BICENTENÁRIO DA MORTE DE MANUEL FERNANDES TOMÁS.


Nesse dia realiza-se na Figueira da Foz, no Auditório Madalena Biscaia Perdigão, um colóquio evocativo desta figura fundadora do Liberalismo em Portugal.

O programa do colóquio, que também funciona como formação creditada para professores, (6 horas de formação, numa acção de curta duração) cuja inscrição devia ser efectuada no site do Centro de Formação Figueira Mar, AQUI. Contando com a colaboração da Academia Portuguesa da História e da Academia das Ciências de Lisboa, bem como o apoio da Câmara Municipal da Figueira da Foz.

O programa do colóquio é o seguinte, conforme apresentado no cartaz abaixo:

Com os votos do maior sucesso para a iniciativa.

A.A.B.M.


quinta-feira, 16 de novembro de 2023

ARADE. REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL DE LAGOA. Nº 2, 2023


 No próximo sábado, 18 de Novembro de 2023, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Lagoa, vai ser apresentado o nº 2, da ARADE. REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL DE LAGOA.

A sessão terá início pelas 15:30h, estando a apresentação a cargo da Prof. Doutora Fernanda Ribeiro, Professora Catedrática de Ciência de Informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

A cerimónia de apresentação do novo número da revista vai ter transmissão em directo, através do seguinte site: 

LAGOATV.PT

ou

do Youtube 

Aguarda-se com expectativa o novo número e os artigos do novo número da revista.

Com os votos do maior sucesso!! 

A.A.B.M.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

ENCONTROS DE OUTONO 2023



Nos próximos dias 17 e 18 de Novembro de 2023, sexta-feira e sábado, realiza-se em Vila Nova de Famalicão, na Fundação Cupertino de Miranda, mais uma edição dos Encontros de Outono.

Esta iniciativa, que se realiza há alguns anos, reune anualmente dezenas de investigadores, no âmbito da História Contemporânea de Portugal, para se apresentarem algumas das conclusões sobre as temáticas em debate. Este ano o tema central vai ser A QUESTÃO SOCIAL NA DITADURA (1926-1974).

Pode ler-se na nota de abertura dos encontros:

A temática dos Encontros de Outono de 2023 é inspirada na atual aceleração das desigualdades sociais, do encarecimento das subsistências e da carência das mais elementares para um número cada vez maior de cidadãos, potenciada pela "acuidade inesperada decorrente da Guerra entre a Ucrânia e a Rússia e as suas calamitosas e dolorosas consequências internacionais, especialmente nos planos migratório e na escassez alimentar mundial".

Esta questão não é de hoje, mas, historicamente, recorrente /agudizada pelos conflitos armados de grande dimensão e pelas guerras civis) sendo as soluções alcançadas, em geral, débeis e de compromisso.

São essas soluções débeis e de compromisso que, no passado, têm sido alcançadas para resolver ou estancar a questão social que serão alvo privilegiado dos nossos Encontros de Outono de 2023.

O programa dos encontros é o seguinte: 

Data: 17 e 18 de novembro.

Local: Auditório da Fundação Cupertino Miranda



PROGRAMA COMPLETO

17 de novembro (6ª feira)



9h30

Abertura

Mário Passos, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

Norberto Ferreira da Cunha, Coordenador Científico do Museu Bernardino Machado



10h00

A questão social sob a Ditadura (1926-1974)

Fernando Rosas,

IHC - NOVA FCSH



10h30

O cooperativismo e o mutualismo no contexto da ordem social corporativa (1933 - 1974)

Álvaro Garrido,

Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20)



11h00

Debate | Intervalo



11h30

Políticas de emigração do Estado Novo

Yvette dos Santos

IHC - NOVA FCSH



12h00

O Estado Novo e a saúde dos pobres

Ana Paula Gato

Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal



12h30

Debate | Almoço





14h30

A Ação Católica Portuguesa: do catolicismo social ao catolicismo político (de 1959 a 1974)

Paulo Fontes

Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História Religiosa



15h00

Memórias do trabalho doméstico no Estado Novo

Inês Brazão

Politécnico de Leiria - IHC - NOVA FCSH




15h30

Debate | Intervalo



16h00

As greves durante o Estado Novo

João Madeira

IHC - NOVA FCSH



16h30

A evolução da proteção social no final do Estado Novo: da reforma da previdência de 1962 ao 25 de abril de 1974

André Luís Marques Costa

Instituto de Ciências Socias da Universidade de Lisboa



17h00

Debate | Conclusão





18 de novembro (sábado)



10h00

Políticas sociais de habitação do Estado Novo

Luís Vicente Baptista

Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais - NOVA FCSH



10h30

As lutas operárias na Bacia do Ave contra a Ditadura (1956-1974)

José Manuel Lopes Cordeiro,

CICS.NOVA.UMINHO e Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave.



11h00

Debate | Intervalo



11h30

A legislação social e laboral do Estado Novo

Luís Bigotte Chorão,

Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20)



12h00

A construção tardia de Welfare State em Portugal: o fracasso do Estado Social corporativo (1933 - 1974)

António Rafael Amaro,

Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20)



12h30

Debate | Encerramento

As inscrições devem ser efectuadas até às 16 horas do dia 16 de novembro através do link acima.
O evento é aberto à comunidade, e está certificado pelo CFAEVNF – Centro de Formação Associação de Escolas de Vila Nova de Famalicão, como curso de formação de 13 horas para os 𝗴𝗿𝘂𝗽𝗼𝘀 𝗱𝗶𝘀𝗰𝗶𝗽𝗹𝗶𝗻𝗮𝗿𝗲𝘀: 𝟮𝟬𝟬, 𝟮𝟵𝟬, 𝟯𝟬𝟬, 𝟰𝟬𝟬, 𝟰𝟭𝟬, 𝟰𝟮𝟬 𝗲 𝟰𝟯𝟬.

O FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO PODE SER PREENCHIDO AQUI

A organização está a cargo do Museu Bernardino Machado, com a qualidade garantida pelo Prof. Doutor Norberto Ferreira da Cunha e da respetiva comissão científica do museu.

O Cartaz é este:

Com os votos do maior sucesso para mais esta iniciativa.

A.A.B.M.