domingo, 30 de março de 2014

ALBERTO [ANTÓNIO] SAMPAIO – TIPÓGRAFO, JORNALISTA E SOCIALISTA


Alberto [António] Sampaio, filho de Felicidade Maria dos Anjos (solteira), nasceu a 20 de Agosto de 1874, em Viseu.
Foi tipógrafo de profissão [trabalhou na Tipografia Central, Escadinhas da Sé, Viseu], sindicalista fervoroso, excelente orador e um “impulsionador dos ideais socialistas na cidade de Viseu”. Tinha um “olhar perfulgentissimo, tez pálida, delgado, flexível, vidente e sonhador, passou a vida escrevendo e prégando ás multidões, o amor pela humanidade, e sonhando levantar das ruínas desta sociedade egoísta, uma nova sociedade de paz e de amor, de igualdade e de fraternidade” [in “A Voz da Oficina”, nº 900, 29 de Março de 1914 – aliás, “Comemorando a Morte de Alberto Sampaio”, parte III, texto de Humberto Liz, in Jornal do Centro, 27 de Abril de 2007]

Alberto [António] Sampaio foi maçon, com o n.s. de “Fontana”, tendo pertencido aos quadros da Loja “Viriato” [loja do Rito Francês, instalada em Viseu em 1900, nascida da conversão do triângulo nº18, e que abate colunas em 1913 – cf. A.H. de Oliveira Marques].
Como jornalista, fundou e dirigiu o semanário apoiante da causa republicana e socialista, “A Voz da Oficina”, “Órgão do Operariado Visiense”:

[Ano I, nº1 (10 de Junho de 1898) ao Ano XX, nº1220 (24 de Abril de 1921) - Proprietário: Bernardo Ribeiro de Sousa; Editor: Manuel Maria Leitão; Director: Alberto Sampaio (depois Bernardo Ribeiro de Sousa); Typ. Central, Viseu (depois Typ. Popular); saiu, ainda, um número único, no 1º de Maio de 1925, sob publicação do Grémio Alberto Sampaio]; mais tarde [1904] passa a denominar-se “Jornal Socialista”].
Na qualidade de director e jornalista d’A Voz da Oficina, foi por duas vezes processado e condenado por “crime de abuso de liberdade de imprensa”. Colaborou, ainda, no periódico “Voz da Verdade” [?].

Alberto Sampaio, escreveu uma peça de teatro, “O Libreto do Operário”, representada no 1º de Maio de 1903, no Teatro Viriato. Foi um ardente impulsionador da fundação da associação “Instituto Liberal de Instrução e Recreio” [com sede na Rua Direita, nº58, Viseu], “agrupamento de fortes simpatias pelo ideário republicano”.
[O “Instituto Liberal de Instrução e Recreio”, 1904-1926, foi uma das associação mais antigas da cidade de Viseu; dela fez parte dirigentes, como o advogado, deputado constituinte, primeiro governador civil de Viseu e ministro da Marinha no governo de António Granjo, o republicano Ricardo Pais Gomes; Bernardo Ribeiro de Sousa, farmacêutico e governador civil do distrito de Viseu; assim como outros associados, caso do professor e poeta Carlos de Lemos e sua mulher, pioneira da emancipação feminina, Beatriz Paes Pinheiro de Lemos (1872-1922), Alberto da Silva Basto, António da Silva Sequeira, etc.; mais tarde, o “Instituto” deu origem ao Centro Republicano de Viseu (que foi inaugurado a 30 de Janeiro de 1905, por Bernardino Machado), ou também chamado Centro Democrático, mais tarde encerrado pela ditadura em 1936. Refira-se que o Instituto patrocinou uma escola pelo método João de Deus, chamada Escola Alves Martins, que foi fechada pela “administração monárquica” em 1908, tendo sido reaberta, mais tarde, em 1910],
Alberto [António] Sampaio não assistiu, porém, à sua inauguração [8 de Dezembro de 1904,  com a presença de Heliodoro Salgado], pela sua morte prematura, por tuberculose, na manhã de 29 de Março de 1904.

No seu funeral [Humberto Liz, in Jornal do Centro, ibidem] participaram, com os seus estandartes e paramentos, várias associações operárias [Construtores Civis, Manufactores de Calçado, Empregados do Comércio], o Centro Democrático de Viseu, o governador civil, muita gente da classe popular, que num cortejo cívico imponente [duas mil pessoas] homenagearam o estimado e combativo “lutador pela causa dos oprimidos” [curiosamente, diga-se, romagem que ainda hoje persiste, na tradição republicana de Viseu, na justa homenagem a Alberto Sampaio]. Usaram da palavra, Augusto da Fonseca, em nome dos Empregados do Comércio de Viseu [Associação fundada em 1903], José Gomes Júnior, “antigo e dedicado companheiro” [que teceu “comovidas palavras da mais profunda saudade e lembrando a guerra sem trégoas com que a reacção clerical e jesuitica pretendera esmagar o grande apostolo das reivindicações operarias”], o dr. Pereira Victorino, o dr. João Costa, e por último, o dr. José Augusto Pereira, “que historia em belas palavras a missão nobilissima desempenhada, em vida, pelo saudoso morto, e verbera acre e justamente, num repto brilhante, o odioso e infame trabalho dos elementos reaccionários que nem um só instante deixaram de perseguir Alberto Sampaio, reconhecendo nele um dos seus mais valentes e audazes adversários” – cf. In “O Povo Beirão”, aliás via “Comemorando a Morte de Alberto Sampaio”, parte IV, texto de Humberto Liz, in Jornal do Centro, 25 de Maio de 2007]
A Câmara Municipal de Viseu [em Dezembro de 1910], deu o seu nome à rua nº1 do Bairro de Massorim e em 1914 foi-lhe prestada nova homenagem, com a “colocação da pedra tumular, onde foi depois assente o monumento alegórico”, este inaugurado no dia 1 de Maio de 1924.
 
Por último, e ainda em sua memória, foi atribuído o seu nome a um Centro - o Grémio Alberto Sampaio -, por volta de 1915 [ou 1917?] e que se manteve em actividade até 1936, ao qual, segundo informação da PIDE (1936), “ocorrem caixeiros,estudantes e outros elementos comunistas e afins”. O Grémio Alberto Sampaio foi, assim, encerrado pela ditadura, pelo despacho do Ministro do Interior, de 16 de Novembro de 1936.

J.M.M.

sexta-feira, 28 de março de 2014

OS RAPAZES DOS TANQUES



LIVRO: Os Rapazes dos Tanques;
AUTORES: Adelino Gomes & Alfredo Cunha;
EDIÇÃO: Porto Editora, 2014, 200 p.


"... Este livro oferece-nos imagens e testemunhos exclusivos dos homens (oficiais, sargentos e praças) que estiveram frente a frente no Terreiro do Paço e no Carmo, no dia 25 de Abril de 1974. As fotografias de Alfredo Cunha e as entrevistas conduzidas por Adelino Gomes levam-nos a (re)viver aquelas horas e a percebermos as dúvidas, os receios, a ansiedade, a tensão, a esperança, as alegrias vividas por cidadãos que, depois desse dia, regressaram, na maior parte dos casos, ao anonimato. E a conhecer, também, o olhar que esses homens têm sobre o país, quarenta anos depois.

Pela primeira vez, é dada voz a furriéis e cabos que não obedeceram às ordens de fogo do brigadeiro comandante das forças fiéis ao regime – um ato de justiça aos que estando, numa primeira fase, na defesa do regime arriscaram a vida e souberam estar à altura do desafio. Entre eles está o cabo apontador cuja ação Salgueiro Maia considerou decisiva para a vitória das forças revoltosas.

Os Rapazes dos Tanques simbolizam em Salgueiro Maia e em todos eles a homenagem que Portugal presta, quarenta anos depois, aos militares que derrubaram a ditadura..." [AQUI]

J.M.M.

quinta-feira, 27 de março de 2014

CONFERÊNCIA – REGULARIDADE MAÇÓNICA


CONFERÊNCIA: "Regularidade Maçónica

ORADORES: prof. António Reis & arq. António Marques Miguel;
DIA: 28 de Março 2014 (19,00 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano [Rua do Grémio Lusitano, 25,
Lisboa];
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Sextas de Arte Real”]

“A Regularidade Maçónica é uma questão em aberto na convivência plural dos maçons e na unidade da Maçonaria Universal.

A Maçonaria actual está dividida em torno de duas grandes correntes principais, de um lado, desde as suas origens, a liderada pela Grande Loja Unida da Inglaterra e de outro a liderada pelo Grande Oriente de França.

Pode-se dizer que de uma forma geral é inequívoco e todos estão de acordo quanto à necessidade de reconhecimento de que qualquer obediência, para que seja considerada regular, tenha que ter o reconhecimento de uma outra. O problema é o da legitimidade do reconhecimento e dos landmarks adoptados na definição deste conceito de regularidade.

Esta situação fracturante resulta dos conteúdos da legitimidade de origem e do facto de que qualquer nova obediência deva receber o reconhecimento da sua regularidade de funcionamento de outra obediência regular, considerando a Grande Loja Unida de Inglaterra ser a única possuidora da legitimidade de transmitir tal prerrogativa.

O Grande Oriente de França e a Grande Loja Unida da Inglaterra, apesar de ambas terem a sua origem numa mesma legitimidade original, divergem assim sobre os princípios da definição de regularidade maçónica, por via de adopção de distintos landmarks e, por esta via, de distintas formas de interpretar e praticar a maçonaria.

Esta divergência de prática e vivência maçónica é acrescida pela questão fracturante da aceitação, ou não, das mulheres na maçonaria, da exigência da Bíblia como Livro da Lei Sagrada e, ainda mais recentemente, da erradicação da evocação do Supremo Arquitecto do Universo em França, pelo GOF.

O Grande Oriente da Bélgica e o Grande Oriente de França criam em 1961, em Estrasburgo, o CLIPSAS (Centro de Ligação e de Informação das Potências Maçónicas Signatárias do Apelo de Estrasburgo) com o “objectivo de congregar maçons, homens e mulheres, que considerem que a Liberdade Absoluta de Consciência é a grande vitória da humanidade sobre ela mesma, considerando que este é o Centro de União Fraternal dos Maçons que consideram que a liberdade de consciência é uma vitória da humanidade sobre si mesma e que, longe de ser um factor de desunião, ela conduz, graças à livre confrontação de opiniões, à supressão de todas as barreiras”, o que origina a configuração organizativa mais clara destas duas correntes.Está assim criada uma situação de dois blocos divergentes quanto à forma de interpretar, praticar e organizar a maçonaria.

A bem da Maçonaria Universal pretende-se abrir serenamente o diálogo sobre esta magna questão, com altos responsáveis destas duas vivências da maçonaria, considerando-se que, por esta forma, se possa contribuir para uma melhor clarificação das razões que assistem a cada uma destas duas distintas visões da prática, da vivência e da organização da maçonaria”

[Fernando Castel-Branco Sacramento - Director do Museu Maçónico Português – ler AQUI]

J.M.M.

quarta-feira, 26 de março de 2014

CONFERÊNCIA – “COMO ROMPER? AS ENDROMINAÇÕES DA IDEOLOGIA DOMINANTE”


 

ORADOR: José Barata Moura;

DIA: 27 de Março 2014 (21,00 horas);
LOCAL: Salão Nobre da Câmara Municipal de Loulé [Loulé];
ORGANIZAÇÃO: C. M. de Loulé [Ciclo “Antes e Depois para Amanhã”]


Este orador traz a esta iniciativa o tema «Como romper? As endrominações da ideologia dominante», onde irá abordar o mundo atual, a corrente ideológica que domina e o impacto na crise. A conferência tem entrada livre." [ler AQUI]
 
J.M.M.

CONFERÊNCIA – AS ORIGENS DO GRANDE ORIENTE LUSITANO E A SUA CONSOLIDAÇÃO


ORADOR: António Ventura;

DIA: 27 de Março 2014 (21,15 horas);
LOCAL: Amigo da História [Rua do Patrocínio, 19 B, Campo de Ourique,
Lisboa];
ORGANIZAÇÃO: Amigo da História

O Amigo da História | Esquadro e Compasso convida António Ventura, professor catedrático do Departamento de História, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para a próxima sessão sobre História da Maçonaria. Esta sessão é subordinada ao tema a História do Grande Oriente Lusitano desde 1803 até ao rescaldo do processo de Gomes Freire de Andrade.

O Prof. António Ventura tem dedicado a sua vida à investigação da História Moderna e Contemporânea, com particular relevo para o século XIX e início do século XX. Nos últimos anos, a investigação sobre a Maçonaria tem dominado a sua produção editorial, em particular a História da Maçonaria em Portugal, nas suas vertentes regionais, bem como nos aspectos institucionais e políticos. Das edições mais recentes destacamos a sua recente obra Uma História da Maçonaria em Portugal” [ler MAISAQUI]

J.M.M.

terça-feira, 25 de março de 2014

1969 - MÁRIO VIEGAS NA SEDE DA COMISSÃO DEMOCRÁTICA DO PORTO



“O actor e declamador, Mário Viegas, sempre assumiu um envolvimento activo. Cada poema declamado exaltava à resistência conta o fascismo. — com Pedro Ramajal, Romualdo Passos, Marques Gomes e esposa, Artur "Á Gouche", [José] Pacheco Pereira e Bernardino Pimenta no Porto.”

FOTO via Sérgio Valente Facebook, com a devida vénia

J.M.M.

HISTÓRIA DO POVO NA REVOLUÇÃO PORTUGUESA 1974-75


AUTORA: Raquel Varela;
EDITORA: Bertrand, 2014, 536 p.

“A luta política assume nas sociedades contemporâneas, em condições de calendário eleitoral estável, essencialmente, a forma da luta entre os partidos. Quando uma revolução se coloca em movimento, no entanto, tudo pode ser subvertido, porque milhões de pessoas inativas ou até desinteressadas despertam para a luta social.

Este livro apresenta-nos uma rigorosa investigação sobre a revolução portuguesa que ambiciona dar voz aos que não tiveram voz. Nos livros de história eles são, não poucas vezes, invisíveis. Mas são os rostos comoventes destas grandes massas populares que oferecem sentido àquelas maravilhosas fotografias da revolução portuguesa. Anónimos, os seus retratos nas manifestações dizem-nos tudo o que precisamos de saber sobre a esperança e a frustração, a fúria e o medo, o entusiasmo e a ilusão, e tudo aquilo que oferece grandeza à vida e não cabe em palavras.

Foram eles que fizeram a revolução. Nas páginas deste livro bate um coração que tem respeito e admiração por essa gente” [AQUI]
 
J.M.M

domingo, 23 de março de 2014

POLÉMICA – REVISTA DO GRUPO “REVOLUÇÃO SOCIALISTA”


POLÉMICA. Revista do Grupo “Revolução Socialista” – Ano I, 1 (21 Novembro 1970) ao nº 4 (1973).

Revista publicada pelo Grupo “Revolução Socialista”, publicada na Suíça e impressa em Itália [cf. Armas de Papel, José Pacheco Pereira, p.445]. O grupo fundador da revista era composto [ibidem] por estudantes que participaram na crise académica de 1962 e que se tinham exilado, como Ana Benavente, António Barreto, Carlos Almeida, Eurico Figueiredo, José Medeiros Ferreira, José Pinto Nogueira, Manuel Lucena. Alguns dos artigo foram publicados debaixo de pseudónimo, como “João Quental” [J. Medeiros Ferreira], “Marco”, “Fontana”, “A. Garcia” [ibidem]

Dispersos no exílio, “um grupo desses estudantes estabeleceu-se na Suíça, onde conseguiram obter um estatuto de refugiados políticos e onde optaram por conjugar as actividades políticas” [ibidem]. Fora os nomes citados, que integraram a revista “Polémica”, registe-se, também, a presença em Genebra de Valentim Alexandre, Francisco Delgado, Eduardo Chitas, Joaquim Fernandes, Luís Monteiro, Manuel Areias, Manuela Pinto Nogueira, Maria Emília Brederode, Mário Borges, Paula Coutinho [cf.Pátria Utópica. O Grupo de Genebra revisitado”, 2011]

Oriundos de diferentes sectores ideológicos – como o denominado grupo da Suíça, intitulado “1º de Maio” e que publicava os “Cadernos Lenine”, em volta dos militantes comunistas António Barreto, Eurico Figueiredo e Ana Benavente, que entram mais tarde (1968/69) em ruptura com o PCP; caso de Manuel Lucena, envolvido na greve académica de 1962, e com o curioso percurso político de ter sido militante da JUC, importante dirigente da “RIA” [Reunião Inter-Associações], fundador da revista “O Tempo e o Modo” (1963), militante do MAR [Movimento de Acção Revolucionária, 1962, que agrupou personalidades como Nuno Bragança, Lopes Cardoso, Jorge Sampaio, João Cravinho, Nuno Brederode dos Santos, Trigo de Abreu, Vasco Pulido Valente, A. H. de Oliveira Marques, Rui Cabeçadas] e, por isso, dirigente (de 1964 até 1968) da FPLN [Frente Patriótica de Libertação Nacional], tendo militado na “Aliança Democrática” no período pós-25 de Abril; ou de José Medeiros Ferreira, preso (1962) e expulso da Universidade em 1965, sendo desertor por ser contra a guerra colonial e exilando-se (1968-1974) na Suíça – a revista “Polémica” teve um papel importante na “formação de uma nova elite intelectual na área das ciências humanas que a ditadura impedia de ter expressão na universidade, como era o caso da sociologia, ou da história contemporânea” [ibidem, p. 446]  

 

A revista circulava entre os sectores da emigração política portuguesa e entrava clandestinamente em Portugal, distribuída por vários grupos de socialistas e antifascistas como [ibidem] Vítor Wengorovius, César de Oliveira, Manuel Lopes ou José Dias. 

FOTOS via Ephemera, com a devida vénia.


J.M.M.

PORTUGAL. A FLOR E A FOICE - J. RENTES DE CARVALHO


EDITORA: Quetzal, 2014.
 
No ano em que se comemora o 40.º aniversário da Revolução dos Cravos, a publicação de Portugal, a Flor e a Foice, até aqui inédito em Portugal, promete dar que falar.
 
Escrito em 1975, em cima dos acontecimentos que então convulsionavam Portugal (e que eram acompanhados com entusiasmo e apreensão pela Europa e o resto do Mundo), Portugal, a Flor e a Foice é a observação pessoal que um português culto e estrangeirado faz do seu país em mudança.
Nesta apreciação aguda e de tom sempre crítico, todos os mitos da História Portuguesa são, senão destruídos, pelo menos questionados: o Sebastianismo, os Descobrimentos, Fátima; denunciadas instituições como a Monarquia e a Igreja; e impiedosamente escalpelizado não apenas o antigo regime mas também, e sobretudo, o 25 de Abril. Com acesso a círculos restritos nos anos que antecederam e sucederam a Abril de 1974, e a documentos ainda hoje classificados, J. Rentes de Carvalho faz uma História alternativa da Revolução e das suas figuras de proa, em que novos factos e relações de poder se conjugam num relato sui generis, revelador e, no mínimo, desconcertante” – AQUI
 
[…] De inicio, não houve interesse em publicá-lo [“Portugal. A Flor e a Foice”] porque a minha visão do que se estava a passar era considerada desagradável e incómoda. Mesmo na Holanda, teve uma única edição pequena, e só saiu uma crítica ao livro num jornalzeco belga. Por causa do meu pessimismo, chamaram-me filho da puta, vendido ao capital e mais não sei o quê (…)
Há um continuum de falhanços. É a nossa tragédia (…) O povo é a única força verdadeira. Representa as nossas virtudes e o que temos de mais fraco, ou mau. Mas é consistente na sua atitude. As elites portuguesas nunca foram consistentes. Ou só foram num aspecto: ganho pessoal. As pessoas que têm fortuna sentir-se-iam envergonhadas [na Holanda] se não contribuíssem de alguma maneira para a sociedade, apoiando um museu, uma orquestra, uma escola, seja o que for […] Costumo dizer que no Museu da Janelas Verdes só há arte que foi roubada dos conventos, mas não há nada oferecido pelas famílias ricas, que, podendo contribuir para o bem comum, nunca o fizeram. É triste, mas é mesmo assim ” [“Voltar a Abril”, entrevista de José Mário Silva a J. Rentes de Carvalho, in Expresso /Atual, 22/03/2014]
 

J.M.M.

sábado, 22 de março de 2014

HISTÓRIA DA OPOSIÇÃO À DITADURA 1926-1974



AUTOR: Irene Pimentel;
EDITORA: Edições Figueirinhas, 2014, 774 p. [no prelo]

«A historiadora Irene Flunser Pimentel, autora da “História da Oposição à Ditadura 1926-1974” concluiu que, apesar da constante resistência ao regime, as várias oposições ficam marcadas por uma “cultura de derrota” que se prolongou durante décadas.
“Tratou-se de uma ‘cultura de derrota’, que foi acompanhada pelos erros aparentemente contrários do triunfalismo, do aventureirismo e da passagem voluntarista à ação”, escreve a historiadora (página 622) no livro “História da Oposição à Ditadura 1926-1974”, que vai ser lançado no final do mês.

De acordo com a autora do livro, a derrota da primeira tentativa de golpe do pós-guerra, em 1946/47, deveu-se ao facto de só uma coluna militar ter avançado de forma “voluntarista”, pensando que assim obrigaria outras unidades a acompanhá-la.

Nos casos das revoltas da Sé e de Beja (1959 e 1962 respetivamente) contribuíram de novo para o fracasso fatores como o isolamento político dos participantes, a falta de preparação e organização operacional, erros crassos de avaliação de forças, aventureirismo, deserções e desconfianças mútuas – políticas e pessoais -, nomeadamente as que ocorreram entre civis e militares que, segundo Irene Pimentel, foram incapazes de coordenarem esforços (…)

A investigadora acrescenta agora dois “grandes pilares” que ajudaram a manter o regime: a Igreja e as Forças Armadas.
“Se houve, certamente, espaços de dissidência e resistência em Portugal, a verdade é que a população, no seu conjunto, permaneceu apática e passiva, a ‘viver naturalmente’ e com ‘cada um no seu lugar’ e na sua função, como pretendia Salazar”, sublinha a historiadora»


J.M.M.

sexta-feira, 21 de março de 2014

CONFERÊNCIA – PENSAMENTO LIBERTÁRIO: PASSADO, PRESENTE E FUTURO


 

DIA: 27 de Março 2014 (10,15 horas);
LOCAL: FCSH da UBI, Covilhã (Anf. 7.21);

ORGANIZAÇÃO: Grupo de Estudos Políticos da Universidade da Beira Interior
 

J.M.M.

COLÓQUIO INTERNACIONAL JOAQUIM DE CARVALHO: HISTORIOGRAFIA, FILOSOFIA, CULTURA

Organizado pelo CEIS 20 (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX) vai realizar-se na Casa da Escrita, em Coimbra, nos dias 27 e 28 de Março de 2014, um colóquio internacional dedicado à personalidade do Professor Joaquim de Carvalho.

Este colóquio apresenta o seguinte programa:

9h10  - Maria Manuela Tavares Ribeiro (FLUC/CEIS20)
Universalismo, pacifismo, criticismo: o legado kantiano da contemporaneidade.

9h45 - José Maurício de Carvalho (Universidade Federal de S. João del Rei) 
Joaquim de Carvalho e a Cultura 
10h 20 Débora Dias (Universidade de Coimbra)
  Joaquim de Carvalho e o Brasil: diálogos por via impressa

10h 50 - Debate

PAUSA PARA CAFÉ

11h 20 - José Carlos Seabra Pereira (Universidade de Coimbra)
Joaquim de Carvalho e o campo literário português

11h55 - Jean-Claude Rabaté (Prof. em. Universidade de Sorbonne-Nouvelle) 
Teixeira de Pascoaes et Joaquim de Carvalho face à l‘ibérisme de Miguel de Unamuno

12h 30 - Debate 
12h50 - PAUSA PARA ALMOÇO

14h30 - António Pedro Pita (FLUC/CEIS20)
Tempo e consciência, ou a consciência saudosa

15h05 - João Tiago Pedroso de Lima (Universidade de Évora)
De novo a Filosofia Portuguesa ou o diálogo não-escrito entre Eduardo Lourenço e o seu Mestre Joaquim de Carvalho

15h40 - Manuel Curado (Universidade do Minho) 
De Sábio a Crente: Joaquim de Carvalho, Castro Sarmento e a Ciência Judaico-Portuguesa

16h 15: Debate

PAUSA PARA CAFÉ

16h50 - Luís Reis Torgal (Universidade de Coimbra) 
Joaquim de Carvalho e a crise da Universidade no início do Estado novo

17h15 - Sérgio Campos Matos (Universidade de Lisboa)
Joaquim de Carvalho, consciência histórica e passado próximo.

17h50 -  Conferência de encerramento

Fernando Catroga (Universidade de Coimbra)
A Anteriana de Joaquim de Carvalho

18h30  - Debate

28 de março de 2014
11h00  - Conferência extra programa
Colette Rabaté e Jean-Claude Rabaté (Univerité François Rabelais, Tours / Prof. Em. da Université de la Sorbonne- Nouvelle)
Miguel de Unamuno face aux Guerres

Encerramento dos trabalhos

Sobre Joaquim de Carvalho, já nos referimos várias vezes no Almanaque Republicano ver as referências na etiqueta AQUI.

Recomenda-se também a leitura da nota biográfica do Professor Joaquim de Carvalho no Dicionário dos Historiadores Portugueses elaborada por Paulo Archer de Carvalho que pode ser consultada AQUI.

Uma iniciativa que se saúda e se recomenda a todos os interessados não só na personalidade mas nos seus contributos imprescindíveis para a Cultura Portuguesa.

A.A.B.M.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A ACÇÃO DE DIPLOMATAS PORTUGUESES DURANTE A II GUERRA MUNDIAL

No próximo dia 21 de Março de 2014, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, numa organização conjunta entre a Fundação Aristides de Sousa Mendes e da Universidade de Coimbra vai realizar-se o colóquio sobre A Acção de Diplomatas Portugueses durante a II Guerra Mundial.

Pode ler-se na nota de divulgação do colóquio:
Esta conferência procura abordar o papel de diplomatas portugueses, nos tempos sombrios da II Guerra Mundial e do Holocausto, revelando a ação, entre outros, de Veiga Simões, ministro de Portugal em Berlim, em 1939, Aristides Sousa Mendes, cônsul em Bordéus, em 1940, bem como de Teixeira Branquinho e Sampaio Garrido, diplomatas na Hungria, em 1944. De que forma procuraram salvar judeus e outros perseguidos políticos do nacional-socialismo alemão, num contexto de fecho das fronteiras na Europa, incluindo Portugal? - é a principal pergunta à qual diversos historiadores se propõem responder.

Participam os seguintes investigadores: João Paulo Avelãs NunesCláudia NinhosDaniela NascimentoAnsgar SchaeferLina MadeiraAvraham MilgramSofia Leite e a encerrar uma conferência com Irene Pimentel.

O programa do evento pode ser consultado AQUI.

A acompanhar com toda a atenção e com os votos do maior sucesso para este evento.

A.A.B.M.

domingo, 16 de março de 2014

O CONGRESSO DE AVEIRO DA OPOSIÇÃO DEMOCRÁTICA: COLÓQUIO


Realiza-se amanhã, 17 de Março de 2014, pelas 14.30 horas, no Auditório B 203, do Edifício II, o Colóquio O Congresso de Aveiro da Oposição Democrática.

Recordando o acontecimento, primeiro com os contributos e análises de Luísa Tiago de Oliveira, de Helena Pato, Natércia Coimbra, Alfredo Caldeira e com a moderação de Magda Pinheiro.

Segue-se depois com as memórias de alguns dos congressistas que estiveram na manifestação democrática de Aveiro como: Maria Barroso, Flávio Sardo, Henrique Neto, João Neves, Mário Simões Teles, com moderação de João Salis Gomes.

Por último, a conferência de João Madeira, subordinada ao tema As Oposições ao Estado Novo, os Militares e o derrube do Regime (1969-1974).

Uma sugestão aos que nos vão visitando para uma sessão amanhã para acompanhar com toda a atenção.

[Clicar na imagem para aumentar.]

A.A.B.M.

quinta-feira, 13 de março de 2014

AS IDEIAS COLONIALISTAS DE AIRES DE ORNELAS: CONFERÊNCIA

Realiza-se amanhã, sexta-feira, 14 de Março de 2014, pelas 21.30 horas, em Vila Nova de Famalicão, no Museu Bernardino Machado, no âmbito do ciclo de conferências Ideias e Práticas sobre o Colonialismo Português dos Fins do Século XIX a 1974, desta vez analisando o contributo de Aires de Ornelas (1866-1930).

O convidado para analisar o contributo de Aires de Ornelas e o seu discurso sobre as colónias é o Doutor Paulo Jorge Fernandes.

Sobre Aires d' Ornellas  e Vasconcellos recomendamos uma leitura AQUI, AQUI ou AQUI.

Uma sessão a acompanhar com mais referências e detalhes AQUI.

A.A.B.M.

terça-feira, 11 de março de 2014

[ÁLVARO] SALEMA, 100 ANOS


“As grandes questões intelectuais, sociais e políticas, desde Erasmo até ao fim do século XX, preencheram a inquietação cultural e o empenhamento cívico de Álvaro Salema, crítico literário e jornalista profissional, nascido há 100 anos (Viana do Castelo 11-3-1914 e Lisboa, 1991), que hoje se completam, porventura sem manifestações especiais. Tinha uma presença discreta. Vivia recolhido entre a casa e o emprego, apesar da luta permanente contra o salazarismo que motivou várias prisões pela PIDE.

Professor de Filosofia, afastado do ensino oficial por motivos políticos, lecionou no Colégio Moderno contribuindo para a formação de numerosos alunos que viriam a atingir dimensão pública. Destacam-se, por exemplo, Mário Soares e David Mourão-Ferreira, que nunca esqueceram a influência decisiva do seu magistério. Para Álvaro Salema – disse-me e também escreveu Mário Soares – a escola constituía um espaço de desenvolvimento e estímulo da personalidade do jovem aberto à pluralidade do saber e do conhecimento.

Embora vocacionado para o exercício pedagógico, Álvaro Salema resolveu optar pelo jornalismo e a colaboração em revistas de impacto cultural e político: Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, Mundo Literário. Mas o vínculo profissional na imprensa decorreu através do Jornal do Comércio, no qual foi o editorialista durante mais de 30 anos.

Ficou, sob o anonimato, no Jornal do Comércio, o registo e comentário das conjunturas económicas e financeiras. Contudo, Álvaro Salema ganhou visibilidade e projeção nacional nos suplementos culturais do Diário de Lisboa e de A Capital que não só coordenou mas onde tinha a página semanal de crítica literária. Após o 25 de Abril recusou qualquer protagonismo (caso da direção do Diário de Noticias). Ficou a colaborar na revista Colóquio, nas Publicações Europa-América, e a dirigir as publicações do Instituto de Língua e Cultura Portuguesa.

Discípulo de um dos mais próximos amigos de António Sérgio, ligado à génese e evolução do neo-realismo, Álvaro Salema ocupou-se dos grandes clássicos, dos grandes contemporâneos e de poetas, escritores e ensaístas recentes, hoje já com o estatuto de clássicos da modernidade. Atento a tudo o que se publicava, em Portugal, no Brasil, na França, na Espanha e na Itália, Álvaro Salema, sempre controlado pela Censura, privilegiava a orientação politica e filosófica contra o salazarismo, mas não foi hostil a inovações literárias e ruturas estéticas. Reuniu, em Tempo de Leitura (1982), uma parte muito reduzida da sua extensa atividade critica.

A dispersão quotidiana nos jornais permitiu-lhe, todavia, publicar ensaios de referência: A Crise na Cultura Europeia do Renascimento, Erasmo e o Ideal Humanista, Nietzsche e a Civilização Contemporânea, Variações sobre o Quixote e o Ideal Quixotesco. Também é autor de estudos biográficos e literários sobre Ferreira de Castro: Uma Vida, Uma Personalidade e Uma Obra; Alves Redol, um escritor do povo português; e Bento Caraça, Um Humanista para o Nosso Tempo. Traduziu de Pablo Neruda Confesso que Vivi; de Santiago Carrillo Amanhã a Espanha; os três volumes da História Geral da Europa; e prefaciou e sistematizou uma Antologia do Conto Português Contemporâneo.

Álvaro Salema – na continuidade da militância luso-brasileira desenvolvida, entre outros, por João de Barros, Nuno Simões e Vitorino Nemésio – contribuiu para a intensificação da relação com o Brasil, divulgando obras e autores significativos no Diário de Lisboa, n'A Capital e na Colóquio. Deixou-nos o livro Jorge Amado, o Homem e a Obra. Presença em Portugal; prefaciou e organizou as edições das obras de Jorge Amado, António Calado e Adonias Filho. Por essa aproximação, foi distinguido com a medalha de honra Machado de Assis, atribuída pela Academia Brasileira de Letras e também eleito sócio da Academia Brasileira de Letras.

Tive a oportunidade de o conhecer, em casa de António Sérgio; na roda de amigos de Ferreira de Castro, na tertúlia da Veneza; de trabalhar com Álvaro Salema na arrancada de A Capital dirigida por Norberto Lopes e Mário Neves. Era uma figura humana de rara probidade. Redigia com enorme fluência e em forma definitiva. Com palavras poucas e próprias, na escrita e no convívio, sabia o momento certo e oportuno para intervir com lucidez e firmeza. Para afirmar, sem posições ortodoxas, os valores da liberdade e da democracia. A vida e a cultura, para Álvaro Salema, identificavam-se se com a exigência ética e o racionalismo humanista”.

[António Valdemarin jornal PÚBLICO (12/03/2014), sublinhados nossos]

 J.M.M.

COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL EM LOULÉ

Realizam-se no Cine-Teatro Louletano, no próximo sábado, 15 de Março de 2014, as cerimónias que iniciam as comemorações dos 40 anos do 25 de Abril.

Pelas 20.45 horas, três dos militares que participaram há quarenta anos na revolta contra o Estado Novo, vão dar o seu testemunho sobre os acontecimentos, sobre as preparações e o papel que desempenharam no processo conspirativo, na revolução e no pós-revolução. São eles: Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Lourenço e Martins Guerreiro.

Para moderar as intervenções estará presente o Reitor da Universidade do Algarve, António Branco.

Uma iniciativa que se saúda e se divulga a todos os interessados.

A.A.B.M.

sábado, 8 de março de 2014

VI SEMINÁRIO DE HISTÓRIA E CULTURA POLÍTICA – ORDEM E PROGRESSO

 
VI SEMINÁRIO DE HISTÓRIA E CULTURA POLÍTICA: "Ordem e Progresso 
DIA: 11 de Março 2014 (10,00 horas);
LOCAL: Faculdade de Letras U. Lisboa [sala 5.2];
 
ALGUMAS ANOTAÇÕES [nossas]:
 
- “Misticismo e Ordem Simbólica em Euclides da Cunha”, por António Araújo e Isabel Corrêa da Silva;
- “Luís Augusto Ferreira de Castro: a Maçonaria com o paradigma da Ordem e Progresso”, por António Ventura;
- “Ordem e Progresso republicanos em Condorcet”, por Luís Andrade;
- “A Noção de Progresso em Leonardo Coimbra”, por António Martins da Costa;
- “A ideia de progresso em Félix Nogueira”, por Norberto Ferreira da Cunha.
 
e AINDA:
 
18,00 HORASLANÇAMENTO do livro “PÁTRIA E LIBERDADE
 
J.M.M.