terça-feira, 31 de março de 2009


MIAU! NA HEMEROTECA DIGITAL

"Os tempos vão de reclamação e protesto. Contra os erros sociais reclamam os povos. Contra os erros dos povos reclamam as classes. Contra os erros das classes reclamam os homens. Contra os erros dos homens reclamaremos nós.Miau!(...)

E o que reclamamos nós?
Tudo!
Tudo, menos mais impostos.
Menos mais asneiras.
Menos mais empregos.
Menos mais tentativas de restauração monárquica.
Menos mais revoluções armadas.
E depois, e sempre:
Juízo!
Bom senso!
Moderações de apetite à gamela do Estado!
Respeito pela pele do contribuinte!
E o bacalhau a três vinténs que nos prometeram, pois o prometido é devido!


Miau!"

"Assim se apresentou o Miau! na sua primeira edição, de 21 de Janeiro de 1916. Editado por Mário de Oliveira, contou com importante colaboração artística: Leal da Câmara, Manuel Monterroso, Gálio, A. Basto, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, Steinlen, Louis Raemaekers, Marco, Bagaria, Sem e Cristiano de Carvalho figuram entre os principais desenhadores e caricaturistas que tornaram o Miau! num dos mais brilhantes jornais humorísticos publicados durante a I República. Graças à generosidade do coleccionador Emílio Ricon Peres o Miau! salta agora para o mundo virtual, aqui, na biblioteca digital de periódicos da CML. Imperdível ..." [via Hemeroteca Digital]

J.M.M.

NENO VASCO

"Acaba de sair a obra de pesquisa histórica, 'Minha Pátria é o Mundo Inteiro' do historiador brasileiro Alexandre Samis sobre o militante anarquista português Neno Vasco (1878-1920), um intelectual que actuou nos meios operários em Portugal e no Brasil com particular importância na imprensa sindicalista da época. Apesar da sua morte prematura destacou-se como um dos mais importantes militantes anarquista da sua época, sendo autor do livro 'A Concepção Anarquista do Sindicalismo'. Neste 90 anos de fundação da CGT e do jornal A Batalha [1919-1934] esta é uma contribuição ao conhecimento da história do anarco-sindicalismo em Portugal" [via Letra Livre]

"Minha Pátria é o Mundo Inteiro. Neno Vasco, o Anarquismo e o Sindicalismo Revolucionário em Dois Mundos", de Alexandre Samis, Lisboa, Letra Livre, 2009

[via Almocreve das Petas]

J.M.M.

sexta-feira, 27 de março de 2009


MÁRIO SACRAMENTO - HOMENAGEM PÚBLICA

Na Biblioteca Municipal de Aveiro, hoje (dia 27, pelas 21,30h)- Sessão Pública de Homenagem a Mário Sacramento, com a participação de AurélioSantos (URAP), Carlos Candal, Jorge Sarabando e Jorge Seabra.

"MÁRIO SACRAMENTO (1920-1969) morreu há 40 anos, sem ver o Portugal livre por que tanto combatera. Médico, escritor, crítico literário, político empenhado e cidadão de corpo inteiro, a morte, pressentida, levou-o cinco anos antes do 25 de Abril, nas vésperas do 2º Congresso da Oposição Democrática, que o homenageou deixando vaga a sua cadeira na mesa da presidência. Em humilde homenagem, deixamos aqui a sua carta-testamento ..."

ler tudo, AQUI

J.M.M.

quinta-feira, 26 de março de 2009


LUÍS ANTÓNIO VERNEY - "VERDADEIRO MÉTODO DE ESTUDAR"

"O verdadeiro espírito patriótico, isto é, o zelo pelos verdadeiros interesses da Pátria e não pelas vantagens quiméricas, não só não se extinguiu em mim como aumentou sempre com o melhor entendimento que adquiri dos despropósitos nacionais e dos modos de corrigi-los ... Quanto ao resto, conheço o mundo como é, como vai, e como caminhará ..." [L. A. Verney]

in SEARA NOVA, Número Comemorativo do Segundo Centenário da Publicação do Verdadeiro Método de Estudar de Luís António Verney, nº 1016-7, 25 de Janeiro de 1947

J.M.M.

segunda-feira, 23 de março de 2009


ERNESTO CABRITA

Com o nome completo de Ernesto Augusto Cabrita e Silva, nasceu em Alvito em 23 de Março de 1856 e morreu em Portimão a 14 de Abril de 1928.

Filho de um conceituado clínico de Cuba, também de origem algarvia, fez o curso dos liceus em Beja onde conheceu e conviveu com Brito Camacho , cursou a Escola Politécnica, onde conviveu com João Penha e outros colaborou numa revista literária, Museu Ilustrado, onde revelou as qualidades de poeta, o que lhe mereceu de João de Deus o incitamento a que continuasse.

Entre 1878 e 1879, publicou na referida revista os seguintes poemas:
- "Luta", 1878-1879, vol. I, p. 15-16;
- "Altiva", 1878-1879, vol. I, p. 46;
- "Letina", 1878-1879, vol. I, p. 84;
- "Casta", 1878-1879, vol. I, p. 197;
- "O Vaso Quebrado", vol. II, 1880, p. 94.

Conseguindo como poeta de influência parnasiana, alguma distinção entre os críticos da época, especialmente Sampaio Bruno, que por ele tinha grande estima, assinando as suas obras poéticas com o pseudónimo de Pedro Escarlate na revista literária Museu Ilustrado. Porém, devido ao pouco tempo disponível para estas actividades intelectuais, e porque seu pai não gostava de poetas e da vida teórica, abandonou a sua via poética.
Dedicou-se com devoção ao curso na Escola Médica de Lisboa, que brilhantemente concluiu. A tese que apresentou para conclusão do curso de Medicina intitulava-se:
- O cansaço : estudo de physiologia : these inaugural, Lisboa, Typographia Nova Minerva, 1880, p. 75[3]

Colaborou ainda na revista O Positivismo, também do Porto, onde participavam ainda um naipe de colaboradores como Adolfo Coelho, Alexandre da Conceição, Amaral Cirne, Arruda Furtado, Augusto Rocha, Basílio Teles, Bettencourt Raposo, Cândido de Pinho, Consiglieri Pedroso, Horácio Esk Ferrari, Júlio de Matos, Emídio Garcia, Teixeira Bastos, Teófilo Braga, e Vasconcelos Abreu.

Nesta revista publicou, entre outros:
- "Biologia - Mais uma prova em favor do transformismo", O Positivismo, Porto, Ano I, nº 5, Junho a Julho de 1879, p. 305-308;

Aderiu publicamente ao grande comício republicano realizado em Lisboa contra as propostas da Fazenda, realizado em 1904, juntamente com outros grandes nomes da política republicana.

Em 1906, foi um dos dinamizadores da reorganização do Partido Republicano no Algarve. Sendo pela sua acção, juntamente com Jacques Pessoa, António Vaz Mascarenhas Júnior, Silvestre Falcão, Francisco Marques da Luz, Joaquim Eugénio Júdice, António Padinha e Zacarias José Guerreiro que se realizou uma importante reunião em Portimão, com representantes de todas as comissões, jornais e núcleos republicanos na região com vista ao desenvolvimento da propaganda do partido na região.

Ocupou durante anos a Presidência da Comissão Municipal Republicana de Portimão, esforçando-se por incutir na população os valores democráticos, combatendo as perseguições pessoais e os prejuizos materiais que muitas vezes aconteciam nas lutas políticas acesas que se seguiram à implantação da República.

Integrou a Comissão Distrital Republicana de Faro antes da implantação da República.

Implantada a República foi convidado para exercer vários cargos de distinção, o que sempre recusou, preferindo levar a vida à cabeceira de doentes a ter de pôr-se em evidência numa política que ele amava mais pelas afinidades do seu espírito culto que pelos benefícios materiais que daí lhe adviriam.

Durante 48 anos exerceu a sua profissão de médico de clínica geral, enfrentando várias dificuldades. Acabou por vir a falecer sem grandes recursos económicos. Devido à doença que o prostrou durante meses num leito extinguiu-se uma vida profissional que exerceu com probidade, com competência e com carinho durante mais de quarenta anos .

[Agradecemos a cedência da imagem acima à Doutora Maria João Duarte]
A.A.B.M.

PANFLETO: "UM GRUPO DE PATRIOTAS" CONTRA A PROIBIÇÃO DA MAÇONARIA (1935)


via EPHEMERA (novo blog-site) de José Pacheco Pereira, com a devida vénia.

NOTA: clicar na imagem, para aumentar

J.M.M.

sexta-feira, 20 de março de 2009


BIBLIOTHECA LUSITANA

"Edição fac-similada, conforme a primeira, publicada em 1741.Verdadeiro monumento da investigação bibliográfica portuguesa, reproduzida da original, sob os cuidados do competentíssimo Prof. Doutor Manuel Lopes de Almeida"

DIOGO BARBOSA MACHADOBIBLIOTHECA LUSITANA. Tomo I (ao Tomo IV). Coimbra. Atlântida Editora. MCMLXV (a MCMLXVII). 4 Vols

in Catálogo do mês de Março de 2009 da IN-LIBRIS (consultar).

OS ROSTOS DA BATALHA -II CURSO LIVRE DE HISTÓRIA MILITAR

Coordenado pelos Profs. Doutores António Ventura e José Varandas, o Centro de História da Universidade de Lisboa organiza o II Curso Livre de História Militar, com o tema: Os Rostos da Batalha.

O curso inicia no próximo dia 25 de Março e vai prolongar-se até 3 de Junho. Serão onze sessões, com diferentes convidados e temas, conforme se pode verificar pelo cartaz acima. As actividades decorrerão às quartas-feiras, entre as 18 e as 20 horas, no Anfiteatro III, da Faculdade de Letras.

Aos participantes inscritos será entregue o respectivo certificado.

Mais uma iniciativa que o Almanaque Republicano divulga junto dos seus ledores e a quem deseja os melhores sucessos.

Nota: cliclar na imagem para ler melhor

A.A.B.M.

quinta-feira, 19 de março de 2009


COLÓQUIO INTERNACIONAL - O FIM DAS DITADURAS IBÉRICAS (1974-1978)

Na próxima sexta-feira, dia 20 de Março de 2009, e sábado, 21 de Março, vai realizar-se, na Faculdade de Ciêcias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, um Colóquio Internacional sobre a derrocada das Ditaduras em Portugal e Espanha.

Um colóquio com coordenação científica de Fernando Rosas e Raquel Varela, onde se podem trocar experiências e conhecimentos investigadores portugueses, espanhóis e de outras nacionalidades sobre as experiências que se vivenciaram nos países ibéricos.

A não perder por todos os interessados.

(Clicar na imagem para aumentar)

A.A.B.M.

quarta-feira, 18 de março de 2009


NAS VÉSPERAS DA DEMOCRACIA EM PORTUGAL

Foi recentemente publicado pela Livraria Almedina, com autoria de Joana de Matos Tornada, uma nova obra que resulta da dissertação de Mestrado, na especialidade de História Contemporânea, apresentada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com orientação do Professor Doutor Rui Cunha Martins.

Diz-se na apresentação da obra:

O GOLPE DAS CALDAS DE 16 DE MARÇO DE 1974 surge nesta obra segundo a problemática da memória e da transição para a democracia em Portugal.
A sua definição é, desde cedo, ambígua e polémica.
Aventura para uns, precipitação para outros, tentativa falhada ou simplesmente uma insubordinação acidental, são palavras com significados próprios que influenciam a leitura dos acontecimentos.
Este Golpe abre-nos uma janela para o contexto de mudança que envolveu o desmoronar do Estado Novo e a afirmação da democracia em Portugal.
Os testemunhos recolhidos, a documentação governamental e os jornais analisados permitem avaliar como uma tentativa falhada de derrube de regime se tornou tanto numa oportunidade como num constrangimento.
Em Março de 1974 viveu-se a "quente" e muito rapidamente.


Observa-se a tendência crescente para estudos parcelares dos acontecimentos que conduziram à queda de Ditadura em Portugal. Facto digno de destaque, pois são necessários mais estudos e, sobretudo, análises mais distanciadas e analíticas, onde a envolvente emocional e pessoal seja mais doseada e controlada.

A acompanhar com toda a atenção.

A.A.B.M.

ANTÓNIO SÉRGIO

"... Ora, creio coisa benéfica para esta grei portuguesa o impregnar-se de qualidades universalistas, e cuido que das coisas a impulsionaram a tal: por um lado, a própria obra que realizou a História, descobrindo a Terra e aproximando os homens, trabalhando de colaboração com muita gente estranha e cruzando-se com as raças que no caminho achou: e por outro, aquela ‘plasticidade’ dos meus conterrâneos, de que Gilberto Freyre nos falou algures: ‘aquele seu jeitão – único, maravilhoso, - para transigir, adaptar-se, criar condições novas e especiais de vida’ ..."

[António Sérgio, in Em torno do problema da língua brasileira, 1937 (aliás, in VIDA MUNDIAL, nº1548, 7 de Fevereiro de 1969, p. 41]

J.M.M.

Inventário de Livros Raros e Desconhecidos - Memória da Escola Portuguesa (do séc. XVIII ao séc. XX)

"Este livro revela-nos o valioso espólio bibliográfico e arquivístico, pouco conhecido ou mesmo ignorado, existente na Secção de Reservados da Escola Superior de Educação de Lisboa. O espólio, que aqui é enumerado, nasceu da fusão dos acervos de três instituições pedagógicas com vasta tradição na Educação e no Ensino em Portugal: a Escola Normal Primária de Lisboa, a Escola do Magistério Primário e, em menor escala, o Instituto António Aurélio da Costa Ferreira. Organizado e catalogado pelo autor, este património, que o presente livro nos dá a conhecer, é constituído por fontes manuscritas, impressas, obras de autores portugueses e estrangeiros, principalmente francesas, datadas do século XVIII ao século XX. Entre as preciosidades reveladas figura o Dicionário Universal de Educação e Ensino, de 1886, traduzido por Camilo Castelo Branco. Com a publicação deste trabalho, os investigadores vão poder reconstituir situações e acontecimentos, conhecer personalidades e compreender momentos relevantes do percurso educativo, pedagógico e cultural português. Um livro que se assume como um contributo para a História da Educação de Portugal" [ler, AQUI]

Inventário de Livros Raros e Desconhecidos - Memória da Escola Portuguesa (do séc. XVIII ao séc. XX), de José Eduardo Moreirinhas Pinheiro, Colibri

via Almocreve das Petas

J.M.M.


O ADVENTO DA REPÚBLICA EM ESPANHA

in Seara Nova, Ano XI, nº 246, 16 de Abril de 1931

J.M.M.

sábado, 14 de março de 2009


CATÓLICOS nas VÉSPERAS da I REPÚBLICA

"Duas das muitas questões que se apresentam neste trabalho são as seguintes: Se Portugal tinha, nas vésperas da República, cerca de 99% de católicos, como foi possível toda a luta anticatólica? Como é possível que, aparentemente, menos de 1% da população tenha conseguido perseguir e escravizar uma imensa maioria? ..."

«O Novo Mensageiro do Coração de Jesus foi publicado ao longo de um período de forte conturbação social, política e ideológica. Pelo papel que desempenhou, esta revista insere-se numa linha de combate contra a modernidade1, contra a sociedade nascida da Revolução Liberal, a qual subtraía o lugar que a Igreja Católica sentia ter por direito. É na confluência das críticas que faz à Sociedade, ao Individualismo, ao Socialismo, à Secularização, à Maçonaria, ao Liberalismo, entre outros aspectos, que podemos incluir a sua atitude.

Esta postura de militância não surpreende pois tratando-se de um órgão de imprensa de uma Ordem Religiosa, pressupõe-se uma forte intervenção apostólica e piedosa, mas o curioso é que o Novo Mensageiro, como se viu, também apresenta um forte carácter de intervenção cultural e ideológica. Uma ideia-chave que perpassa ao longo de todo o periódico é que o problema não está na força dos adversários da Igreja e nos revolucionários, mas sim na fraqueza dos Católicos e que entre estes se encontram os maiores inimigos da Igreja. Deste modo, os Revolucionários seriam os adversários, e os inimigos os Católicos Liberais por um lado, e os católicos fracos por outro, que não só não combatem mas ainda servem para dividir o 'exército católico'». [ler, AQUI]

Católicos nas Vésperas da I República. Os Jesuítas e a Sociedade Portuguesa: O Novo Mensageiro do Coração de Jesus (1881-1910) - de José António Ribeiro de Carvalho, Livraria Civilização Editora, 2009

J.M.M.

sexta-feira, 13 de março de 2009


REVISTA PORTUGUESA DE HISTÓRIA

Chegou ao nosso conhecimento que foi publicado mais um volume da mais antiga revista de História publicada em Portugal, a Revista Portuguesa de História, publicada pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, actualmente sob a direcção qualificada da Doutora Maria Helena da Cruz Coelho.

Permitam-nos destacar entre os dezoito artigos, os da autoria de Maria Lúcia de Brito Moura, Guilhermina Mota, Fernando Rosas, Dalila Cabrita Mateus, Rosa Marreiros, Ana Isabel Coelho Pires da Silva, António Rafael Amaro e Álvaro Garrido.

Esse, o tema primordial do tomo 38 (2006), ora em distribuição, da Revista Portuguesa de História editada pelo Instituto de História Económica e Social (ihes@ci.uc.pt) da Faculdade de Letras de Coimbra (ISSN 0870.4147), dirigida pela Doutora Maria Helena da Cruz Coelho.

Este número temático teve a coordenação de Rui Cascão e apresenta os seguintes textos:


Nota Introdutória

As guerras do século XX - Adriano Moreira

Uma abordagem estratégica das guerras e conflitos do Século XX - José Alberto Loureiro dos Santos

A Assistência aos combatentes na I Guerra Mundial - um conflito ideológico - Maria Lúcia de Brito Moura

Batalha de La Lys: um relato pessoal - Guilhermina Mota

A comemoração da Grande Guerra em Portugal. 1919-1926 - Filipe Ribeiro de Meneses

O Estado Novo e a Guerra Civil de Espanha na Sociedade das Nações - Fernando Rosas

A evolução das guerras coloniais na perspectiva dos relatórios de informação - Dalila Cabrita Mateus

Arqueologia e Ideologia. O Caso Germânico - Vasco Gil Mantas

Daniel Rodriga, um dos grandes protagonistas das Nações Portuguesas do Mediterrâneo - Aron di Leone Leoni e António Manuel Lopes Andrade

A indústria oleícola de Lisboa na segunda metade do século XVI: O Regimento dos lagareiros dos lagares de azeite de 1572 e os capítulos que se lhe acrescentaram em 1575 - Rosa Marreiros

Conflitualidade anti-senhorial na época moderna. O caso de Barbacena - Teresa Fonseca

Património e rendas do Cabido da Sé de Coimbra no séc. XVlI - Hugo Daniel Ribeiro da Silva

Apontamentos para a história da Escola de Enfermagem Ângelo da Fonseca (1881-2004) - Ana Isabel Coelho Pires da Silva

As manifestações regionalistas em Portugal durante a I República e no início do Estado Novo (1910-1939) - António Rafael Amaro

As mulleres e a vellez. O seu papel socioeconómico na Galicia de fins do Antigo Réxime - Hortensio Sobrado Correa

Símbolos e Ícones da Nação. Exame comparativo entre os símbolos da "Mensagem" de Fernando Pessoa e os símbolos figurados na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra - Marco Daniel Duarte

Arquivos salgados mas não conservados. Memória documental dos organismos corporativos e de coordenação económica das pescas do Estado Novo - Álvaro Garrido

Recensões

Publicações recebidas (Ofertas e Permutas)

Resumos/Abstracts


Nota: foto correspondente ao Vol. 36, tomo 1, de 2004.

A.A.B.M.

BERNARDINO MACHADO - BLOG

Manuel Sá-Marques deu início à feitura de um blog sobre o insigne Bernardino Machado, em homenagem ao seu avô e em comemoração do Centenário da República. A importância que a blogosfera vai revelando no esforço bio-biográfico, fazendo circular informação preciosa sobre alguns dos nossos mais vigorosos e luminosos cidadãos, é exaltante e meritória. Num país onde o Estado se demite de quase tudo o que diz respeito à nossa iniciação histórica, à alma lusitana e à grandeza pátria, a anunciação de mais um blog de temática republicana é razão do nosso contentamento. É o fiat lux de uma cidadania que, ainda, não está completamente moribunda.

Graças e bem-vindo dr. Sá-Marques!

«Com este blogue desejo divulgar alguns textos escritos por meu Avô Bernardino Machado e algum material iconográfico referente à época em que viveu.

Felizmente que o espólio de Bernardino Machado, que durante muito tempo esteve disperso, se encontra já numa grande parte recolhido no Museu Bernardino Machado, de Famalicão, e alguma documentação depositada na Fundação Mário Soares.

Agora que se iniciam os preparativos da programação das comemorações da 1ª República, gostaria de começar por transcrever as páginas 59 a 73 do livro "No Exílio", obra indispensável para o estudo e compreensão do Dezembrismo.

Nestas páginas Bernardino Machado recorda alguns dos traços principais de "A obra da República"
»

[ler, mais AQUI]

J.M.M.

quinta-feira, 12 de março de 2009


ARRIAGA, José de (Parte II)

Em 1905, encontramo-lo como chefe de redacção do jornal republicano da tarde, O Alarme, publicado no Porto entre 1904 e 1905.
O seu estado de saúde foi-se degradando até à morte num asilo. Mereceu a estima de muitos, entre eles Ramalho Ortigão e Teófilo Braga, que o ajudaram a publicar alguns livros

Morreu em Lisboa, no Recolhimento das Mercearias do Lumiar, em 24/25 de Fevereiro de 1921. [Aditamentos ao Dicionário bibliográfico português de Inocêncio Francisco da ...‎, por Martinho Augusto Ferreira da Fonseca, Innocencio Francisco da Silva, 1927 - 377 páginas, Pág. 225, José de Arriaga Brum da Silveira (Dic., tomo 12.° pág. 407). Faleceu a 24 de Fevereiro de 1921.]

Conhecem-se colaborações nos jornais:
- Academia Litúrgica de Coimbra
- Folha do Povo

- Democracia [publicou em folhetim notas sobre Manuel Fernandes Tomás, que faziam parte de um livro, que tencionava publicar: A historia da revolução de 1820.]
- Era Nova

- Os perfis artísticos [onde publicou um conjunto de artigos sobre o movimento revolucionário da música moderna. Numa nova fase, Os perfis artísticos, receberam o título de Perfis litterarios e artisticos, sendo José de Arriaga encarregado da direcção pela empresa editora. Redigiu o prospecto com o fim de se entregar à apreciação dos artistas portugueses mais distintos antigos e modernos, dos monumentos nacionais, e de lançar as bases duma história da arte em Portugal; mas, apenas escreveu a biografia de Machado de Castro, e a noticia da grandiosa obra deste insigne estatuário, o monumento do rei D. José, saiu do jornal.]

- ARQUIVO DE EX-LIBRIS PORTUGUESES. - Director Joaquim de Araújo, da Academia Real das Sciencias de Lisboa. Genova, Tipografia Sordemuti. [Publicação mensal, ou sejam 12 fasciculos por ano, ou volume. José de Arriaga colaborou no Vol. V.]

- Questão iberica e o Saldanha, Coimbra,
- Anno (Um) depois. (Aos vencidos). 31 de janeiro de 1831 - 31 de janeiro de 1892, Porto, Typ. da Empresa Literaria e Tipográfica, 20 pag.

- A política conservadora e as modernas alianças dos partidos políticos portugueses, Lisboa, Imp. J. G. de Sousa Neves, 1880. 490 pag. e mais 11 não numeradas de índice e 1 de errata.
- A Inglaterra, Portugal e suas colónias. Dedicado á comissão executiva do centenário do Marquês de Pombal, Lisboa, na Imp. do Comercio, 1882. 8.º de 331 pag. e 2 de indice e errata.

- As raças históricas na Lusitânia, Lisboa, David Corazzi Ed., 1883. - É o n.º 55 da 7.ª serie da Biblioteca do povo e das escolas, do editor David Corazzi.
- No Diccionario universal portuguez, do editor Henrique Zeferino de Albuquerque, pertencem lhe os artigos: Baculo, Baetylia, Bailado, Machonio, Macedonios, Machado de pedra, e Machado de Castro.
- A influencia do christianismo nas idéas modernas , Coimbra, 1870.
- História da Revolução Portuguesa de 1820, Porto, Livraria Portuguesa Lopes e C.ª, 1886-89, 4 vols.
- História da Revolução de Setembro, Lisboa, Companhia Nacional Ed., 1892, 3 vols.
- La Monarquia y el Siglo, Madrid, J. Palácios, 1902.
- Oitenta Anos de Constitucionalismo Outorgado (1826-1905), Lisboa, M. A. Branco & C.ª, 1905.
- As Civilizações do Oriente e do Ocidente, Porto, Artur J. de Sousa, 1906.
- Os Últimos Sessenta Anos da Monarquia – Causas da Revolução de 5 de Outubro de 1910, Lisboa, Parceria A. M. Pereira, 1911.
- Breve Notícia das Novidades Históricas [...] Contidas nas Obras de Propaganda Impressas e Manuscritas Doadas à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Coimbra, Imp. da Universidade, 1921.
- A Questão Religiosa, Porto, Imp. Portuguesa, s.d.
- Prefácio a Silva, D., Os Excomungados, Porto, Comércio do Porto, 1915.
- O prólogo do Catalogo dos manuscritos da antiga livraria dos marquezes de Alegrete, dos condes de Tarouca e dos marquezes de Penalva, Lisboa, 1898, é trabalho de José de Arriaga, que também elaborou o mesmo catálogo.

Para Fernando Catroga [História da História em Portugal. Séculos XIX e XX, vol.I, Temas e Debates, Lisboa, 1998, p. 118], José de Arriaga era um “contemporaneísta” muito influenciado pelas ideias de base positivista. Portanto, na maior parte das obras deste autor, é possível na sua narrativa dos acontecimentos uma relação de “causa-efeito e das suas manifestações num tempo irreversível”[idem, p. 119]. Denotava a preocupação em que “a realidade da narrativa representava a narrativa da realidade”[idem, 119].

Os estudos de José de Arriaga têm sido encarados como sendo “de natureza épico-dramática, dado o seu evolucionismo organicista, de cunho optimista, ensinava que «sendo a nação uma colectividade, uma série de gerações, sucedendo-se constantemente, e trabalhando todas numa obra e para um fim comum», a sua história só podia ser apreciada como um todo, em que o presente e o futuro estariam «ligados ao passado por esses laços íntimos que caracterizam as raças humanas e formam as nacionalidades» [Fernando Catroga, idem, p. 133, apud José de Arriaga, I, 1886-1889, 10].

Um autor e historiador actualmente já bastante esquecido, mas com uma obra ideológica fundamental ao partir do vintismo como um dos momentos essenciais para se conseguir a implantação da República, que era encarada como uma inevitabilidade, na narrativa positivista.

A.A.B.M.

domingo, 8 de março de 2009


ARRIAGA, José de (Parte I)

Nasceu na cidade da Horta, ilha do Faial, a 8 de Março de 1848, com o nome completo de José de Arriaga Brum da Silveira. Filho de Sebastião de Arriaga Brum da Silveira e de D. Maria Cristina de Arriaga Caldeira.

Transferiu-se para Coimbra, em 1861, a fim de concluir os estudos preparatórios, matriculando-se em 1864, na Faculdade de Direito, onde obteve, em 1869, o respectivo bacharelato.

Ainda estudante, enquanto seu irmão [Manuel de Arriaga] preferiu a novelística de incidência politológica, ele já optou pela análise dos fenómenos históricos, colaborando em revistas e jornais.

Após a conclusão do curso iniciou actividade como conservador do registo predial, sendo colocado na comarca de Armamar, depois Resende, de seguida Benavente, Moura, e depois para a de Reguengos, de que foi exonerado por não tomar posse.

A análise interpretativa da época que estudava conduzia-o no sentido da exegese dos sistemas conservador e progressista, tendo optado por este último, já com uma clara tendência republicana.

A eclosão do Ultimatum inglês veio acentuar ainda mais esta tendência. Rejeitou a aliança luso-britânica, por achar que ela só interessava à manutenção da Monarquia e, à Inglaterra, pelos benefícios colhidos da exploração das colónias portuguesas.

A sua concepção positivista dos factos levava-o a considerar a República uma inevitabilidade e os vários momentos da implantação do regime liberal em Portugal pareciam encaminhar nesse mesmo sentido. Escreveu duas volumosas obras sobre a Revolução de Setembro e A Revolução de 1820 que constituem obras-primas da historiografia romântico-positivista e severas análises das mutações políticas, em que releva a importância do pensamento na construção dessas mutações.

Devido a dificuldades de vária índole tentou fixar residência em Paris (por duas vezes), Madrid ou no Brasil, mas acabou por regressar ao Continente. Viveu no Algarve (Tavira), cerca de 1908, onde o médico e ilustre republicano local, Silvestre Falcão, lhe encontrou trabalho no semanário republicano A Província do Algarve, como redactor principal, garantindo-lhe assim um salário e estabilidade durante algum tempo. Dizia este escritor açoreano que “a pátria não dá de comer a quem se entrega ao estudo”.

[em continuação]

A.A.B.M.

A GUARDA - JORNAL CATÓLICO, SOCIAL E MONÁRQUICO (I)

O primitivo boletim quinzenal "A GUARDA" [nº1 (15 de Maio 1904), Guarda], "preferencialmente dirigido ao clero diocesano" [cf. Jesué Pinharanda Gomes, 100 Anos de A Guarda, 2004], aparece no início como "semanário católico e regionalista" [ibidem] para se tornar "a ponta de lança do Partido Nacionalista (católico, social e monárquico)". Pinharanda Gomes considera-o, mesmo, como servindo de "base à imprensa católica" de antanho

[refere a esse propósito, no opúsculo já citado, os seguintes periódicos católicos surgidos: União Nacional (Braga, 1904-06, Artur Bívar); Associação Operária (Lisboa, 1905-06, posteriormente integra-se no Grito do Povo, do Porto, periódico este que sob direcção do advogado Alberto Pinheiro Torres, presidente do Circulo Católico de Operários de Vila do Conde e único deputado eleito pelo Partido Nacionalista, tem lugar de destaque na imprensa católica; cf. Filhos de Ramires, de José Manuel Quintas, 2004); União (Santarém, 1907-08, Ernesto Teixeira Guedes, ex-fundador d’A Guarda); Alerta (Bragança, 1907-08); Estrela Polar (Lamego, 1907-08, periódico fundado por Artur Bívar, que tinha como divisa "Por Deus, pela Pátria e pela Família" e que era impresso na Guarda, curiosamente na tipografia Veritas); Jornal de Lousada (1907-09); Sul da Beira (Covilhã, 1908-10); Deus e Pátria (Barcelos, 1907-10); Avante (Póvoa do Varzim, 1909-10, Josué Trocado); O Arouquense (1912)],

imprensa católica já antes impulsionada, de algum modo, pelo Conde Samodães no I Congresso dos Escritores e Oradores Católicos (Porto, 1871 – cf. AQUI), ou na singular contenda no movimento social católico entre a "legitimista" A Nação (Lisboa, 1847) e a "cartista" A Palavra (1872-1913, surgido pela Associação Católica do Porto), pela fundação da União Católica Portuguesa (1882) e o efeito dos vários Congressos Católicos realizados, na criação do Centro Católico em 1894 (concretizado por acção do jornal Correio Nacional) e na fundação dos Círculos Católicos Operários (a partir de 1898, atingindo o expressivo numero de 15, em 1903), no lançamento do CADC (Coimbra, 1901), culminando na formação do Partido Nacionalista ("Partido Católico", 1903, sob liderança de Jacinto Cândido, Jerónimo Pimentel e o conde de Bertiandos). De referir que o primeiro projecto para a criação de um "partido católico" nasce precisamente no jornal A Palavra (23 de Novembro de 1878, em artigo do Pe. José Vitorino Pinto de Carvalho – cf. Manuel Braga da Cruz, Análise Social, 1980 - AQUI).

A implantação da República fez quebrar esse movimento periodista [os ataques populares contra as associações católicas e a sua imprensa atinge um ponto alto em 1911, desde logo pelo declarado propósito que tinham de combater as organizações operárias e as suas "nefastas" influência socialistas e revolucionárias, mas acentua-se na sequência da intervenção da Igreja contra a laicização do estado - cf. Marie-Christine Volovitch, Análise Social, 1982 – AQUI], movimento que abrangia em 1900, 6 diários, 21 semanários e 10 mensários (cf. Marie-Christine Volovitch, ibidem). Até lá, há lugar para a organização do I Congresso dos Jornalistas Católicos Portugueses (Lisboa, Abril de 1905), seguindo-se o II Congresso das Agremiações Católicas Populares de Portugal no Porto (Junho de 1907), depois o III Congresso (Covilhã, Outubro de 1908), depois em Braga (1909) e o de Lisboa (1910).

[a continuar]

J.M.M.

quinta-feira, 5 de março de 2009


MANUEL DE ARRIAGA

Assinala-se hoje a data em que faleceu Manuel José de Arriaga Brum da Silveira que nasceu dia 8 de Julho de 1840 na cidade da Horta, Ilha do Faial, da Região Autónoma dos Açores.

Foi o primeiro presidente constitucional da República Portuguesa, Manuel de Arriaga é eleito a 24 de Agosto de 1911 no meio de forte competição.
Filho de Sebastião de Arriaga Brum da Silveira e de Maria Antónia Pardal Ramos Caldeira de Arriaga. Casa com Lucrécia de Brito Furtado de Melo, de quem tem seis filhos.

Na Universidade de Coimbra, onde se formou em Leis, cedo manifestou simpatia pelas ideias republicanas, o que provocou um conflito insanável com o pai, que o deserdou e lhe deixou de custear os estudos. Para sobreviver e pagar a Faculdade, teve então de dar aulas de Inglês no liceu.

Em 1866, concorreu a leitor da décima cadeira da Escola Politécnica e da cadeira de História do Curso Superior de Letras. Não conseguindo a nomeação para qualquer delas, teve de continuar, agora em Lisboa, a leccionar a mesma disciplina de Inglês. Dez anos depois, em 26 de Agosto de 1876, já faz parte da Comissão para a Reforma da Instrução Secundária. Simultaneamente, vai cimentando a sua posição como advogado, tornando-se um notável casuísta graças à sua honestidade e saber. Entre as várias causas defendidas destaca-se, em 1890, a defesa de António José de Almeida, após este ter escrito no jornal académico O Ultimatum, o artigo "Bragança, o último", contra o rei D. Carlos.

Na sequência dos acontecimentos de 5 de Outubro de 1910, e para serenar os ânimos agitados dos estudantes da Universidade de Coimbra, é nomeado reitor daquela Universidade, tomando posse em 17 de Outubro de 1910.

PERCURSO POLÍTICO

Filiado no Partido Republicano, foi eleito por quatro vezes deputado pelo círculo da Madeira. Em 1890, foi preso em consequência das manifestações patrióticas de 11 de Fevereiro, relativas ao Ultimato Inglês.

Em 1891, aquando da revolta de 31 de Janeiro, já fazia parte do directório daquele Partido, em conjunto com Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro, Teófilo Braga e Francisco Homem Cristo.

Nos últimos anos da monarquia, sofre um certo apagamento, dado que o movimento republicano tinha chegado, entretanto, à conclusão que a substituição do regime monárquico não seria levada a cabo por uma forma pacífica. Os republicanos doutrinários são, então, substituídos pelos homens de acção que irão fazer a ligação à Maçonaria e à Carbonária.

Depois da proclamação do regime republicano foi então chamado a desempenhar as funções de Procurador da República.

ELEIÇÕES E PERÍODO PRESIDENCIAL

Foi eleito em 24 de Agosto de 1911, proposto por António José de Almeida, chefe da tendência evolucionista, contra o candidato mais directo, Bernardino Machado, proposto pela tendência que no futuro irá dar origem ao Partido Democrático de Afonso Costa. O escrutínio teve o seguinte resultado:

Manuel de Arriaga 121 votos
Bernardino Luís Machado Guimarães 86 votos
Duarte Leite Pereira da Silva 1 voto
Sebastião de Magalhães Lima 1 voto
Alves da Veiga 1 voto
Listas brancas 4 votos

Durante a vigência do seu mandato tomam posse os governos seguintes:

- João Chagas, que vigora entre 3 de Setembro e 12 de Novembro de 1911.
- Augusto de Vasconcelos, entre 12 de Novembro daquele ano e 16 de Junho de 1912.
- Duarte Leite, entre aquela última data e 9 de Janeiro de 1913.
- Afonso Costa, entre a data anterior e 9 de Fevereiro de 1914.
- Bernardino Machado com dois governos seguidos, o primeiro de 9 de Fevereiro de 1914 a 23 de Junho do mesmo ano, o segundo desta data a 12 de Dezembro de 1914.

Assiste-se na época à divisão efectiva das forças Republicanas. De 27 a 30 de Outubro de 1911, reúne-se, em Lisboa, o Congresso do Partido republicano em que é eleita a lista de confiança de Afonso Costa, passando o partido a denominar-se Partido Democrático. Em 24 de Fevereiro de 1912, por discordar da nova linha política seguida pela nova direcção, António José de Almeida funda o Partido Evolucionista, e dois dias depois, Brito Camacho, o Partido União Republicana, divisão que, no entanto, pouco adiantará para a resolução das contradições deste período deveras conturbado. O início da Primeira Grande Guerra vem agravar ainda mais a situação, dando origem à polémica entre guerristas e antiguerristas.

O Ministério de Victor Hugo de Azevedo Coutinho, alcunhado de Os Miseráveis, que vigora entre 12 de Dezembro de 1914 e 25 de Janeiro de 1915, não vem alterar em nada a situação, acabando por ser demitido na sequência dos acontecimentos provocados pelo "Movimento das Espadas", de âmbito militar, onde se destacaram o capitão Martins de Lima e o comandante Machado Santos.

O Presidente Manuel de Arriaga tenta inutilmente chamar as forças republicanas à razão, envidando esforços no sentido de se conseguir um entendimento entre os principais dirigentes partidários. Goradas estas diligências, não dispondo de quaisquer poderes que lhe possibilitassem arbitrar os diferendos e impor as soluções adequadas e pressionado pelos meios militares, vai então convidar o general Pimenta de Castro para formar governo que é empossado em 23 de Janeiro de 1915.

O encerramento do Parlamento e a amnistia de Paiva Couceiro vão transformar em certezas as desconfianças que os sectores republicanos tinham acerca daquele militar, desde o governo de João Chagas onde ocupara a pasta da Guerra e evidenciara uma atitude permissiva face às tentativas monárquicas de Couceiro. A revolta não se fez esperar. Em 13 de Maio do mesmo ano, sectores da Armada chefiados por Leote do Rego e José de Freitas Ribeiro demitem o Governo que é substituído pelo do Dr. José de Castro, que inicia as suas funções em 17 do mesmo mês.

O Presidente é obrigado a resignar em 26 de Maio de 1915, saindo do Palácio de Belém escoltado por forças da Guarda Republicana.


Faleceu a 5 de Março de 1917.

[Transcrevemos com a devida vénia a nota biográfica que se encontra AQUI.]

A.A.B.M.

quarta-feira, 4 de março de 2009


ESTADOS NOVOS ESTADO NOVO

No próximo dia 14 de Março de 2009, no Foyer do Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, pelas 16.30 h, vai ser feita a apresentação pública do novo livro do Professor Doutor Luís Reis Torgal.

A apresentação da obra está a cargo do Professor Doutor Fernando Catroga.

Esta mesma obra será depois apresentada na Fundação Mário Soares, pelo Professor Doutor Fernando Rosas, no dia 17 de Março, pela 18.30h.

Consultando o índice da referida obra, em dois volumes, destacam-se os seguintes capítulos:

PARTE I - Estados Novos. Concepções e construção

-Cap. I – O «Estado Novo» e a sua representação
- Cap. II – «Estado Novo» - Conceito de uma «geração» ou de «algumas gerações»
- Cap. III – Salazar, os Estados Novos e o Estado Novo
- Cap. IV – Construção orgânica do Estado Novo. Princípios, leis, instituições
e formas de propaganda
- Cap. V – Estado Novo: um totalitarismo à portuguesa?
- Cap. VI - Estado Novo e «fascismo»

PARTE II - O Estado Novo e os outros

- Cap. I – «República Corporativa» e suas contradições
- Cap. II – Estado Repressivo
- Cap. III – Estado Novo, Igreja e Católicos
- Cap. IV – Nação e Império
- Cap. V – Estado Novo, Europa e Atlântico
- Cap. VI - o Estado Novo, os «rebublicanos» e as suas «verdades»
- Cap. VII - Marcelismo, «estado social» e Marcello Caetano


Volume 2
PARTE III - Estética e aparelhos culturais. Do «fim de século» ao Estado Novo

- Cap. I – Caminhos da cultura portuguesa do «fim de século»
Rumos contraditórios das «novas gerações».
- Cap. II – O modernismo no contexto da formação do Estado Novo
- Cap. III – «Intelectuais», «intelectuais orgânicos» e «funcionários culturais»
no Estado Novo.
- Cap. IV – Literatura e «cultura oficial» no Estado Novo
- Cap. V – «A Radiofonia ao serviço do Estado». Os inícios da Emissora Nacional
- Cap. VI - Cinema, Estética e Ideologia

PARTE IV - Imagens e representações culturais do «integralismo» ao Estado Novo

- Cap. I – Almeida Garrett e o Nacionalismo Cultural Integralista e Salazarista
- Cap. II – Antero de Quental e Oliveira Martins nas leituras integralista,
católica e salazarista
- Cap. III – Castela e Espanha vistas na escola salazarista

Para concluir. Algumas observações e muitas interrogações
- Em vez de uma bibliografia… um levantamento historiográfico

Aguarda-se então com alguma expectativa o lançamento desta obra, vinda de um dos historiadores que se especializou no Estado Novo, com uma obra académica de referência e introduzindo sempre uma reflexão analítica e conceptual sobre a época.

A.A.B.M.

terça-feira, 3 de março de 2009


NORTON DE MATOS – COLÓQUIO EM COIMBRA

60 anos depois das eleições presidenciais de 1949, o CEIS20 (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da Universidade de Coimbra) vai recordar Norton de Matos e a sua candidatura, com um COLÓQUIO a realizar na sala D. João III, do Arquivo da Universidade, no próximo dia 13 de Março. Voltaremos ao assunto.

a consultar o programa, AQUI.

J.M.M.