segunda-feira, 27 de novembro de 2006

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS [1923-2006]


"Toda a água do mar não bastaria para lavar uma mancha de sangue intelectual"

"Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar
E entre nós e as palavras, o nosso querer falar"
[M.C.V.]

"... algo se ganhou contudo: a clarificação do sentido da luta travada em numerosos países (excluídos Portugal e também a Espanha), de 1924 até hoje [1977], pelos surrealistas que, isolados ou em grupo, erguem a voz, quando não a própria vida, contra os pistoleiros da Poesia, os assassinos do Amor, os retaliadores da Liberdade, estejam eles na chamada direita, estejam na chamada esquerda, sinalefas, estas, cada vez mais incapazes de conter a actualmente-claramente visível decadência das ideologias, decadência de que o Surrealismo continua sendo primordial fautor ..."

[Mário Cesariny, in Textos de Afirmação e de Combate do Movimento Surrealista Mundial, P&R, 1977]

"Em Portugal nunca houve um movimento surrealista, nem sequer no ano de existência pública (1948-1949) do grupo surrealista de Lisboa, que depois da edição de quatro cadernos, de um protesto público e de uma exposição de pintura se dissolve, dando lugar a outro grupo que também não tardará muito a dissolver-se. Como seria possível subsistir, ou subsistir-se na ditadura? O surrealismo português viveu e morrerá, talvez, clandestino"

[M.C.V., in entrevista ao Jornal de Letras, Artes e Ideias, 20/2/1990]

J.M.M.

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